INACESSO À ELETROCONVULSOTERAPIA PELO SUS E O IMPACTO SOCIAL: UM RELATO DE CASO

  • Autor
  • José Ikeda Neto
  • Co-autores
  • Isabelle Carolina Basualdo Pedreira , João Pedro Nakamura Amaral , Bruna Parussolo Bordon , Marcelo Vergueiro Dias , Kleber Meneghel Vargas
  • Resumo
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    Introdução e objetivos:  A eletroconvulsoterapia, originalmente desenvolvida para o tratamento da esquizofrenia nos anos 40, consiste em uma estimulação cerebral neuromoduladora e não farmacológica. Hoje, é realizada com o uso de anestesia e relaxantes musculares que aumentaram muito a segurança e o conforto do paciente. Apesar de sua eficiência ter sido bem documentada ao longo dos últimos 20 anos, ainda é frequentemente considerada como última opção terapêutica para os casos graves de depressão, seguida da esquizofrenia - especialmente em casos psicóticos, catatônicos e resistentes ao tratamento. Porém, o que se vê na prática é o estabelecimento de barreiras e a inacessibilidade do recurso por meio do Sistema Único de Saúde. Dentre os motivos, tem-se a falta de conhecimento do público sobre a natureza da técnica, a percepção negativa relacionada ao método e a negligência profissional acerca dos avanços do método. Assim, o presente relato tem como objetivo discutir a dificuldade ao acesso à eletroconvulsoterapia por meio do Sistema Único de Saúde por um paciente refratário ao tratamento farmacológico. Relato de caso: Homem, 38 anos, preto, solteiro, natural de Bodoquena-MS, portador de transtorno psicótico agudo, com sintomas esquizofrênicos, em tratamento há 16 anos e com pobre resposta ao tratamento com Haldol, Olanzapina, Clorpromazina e Clozapina. Em sua quarta internação, no dia 06/03/2020, paciente encontrava-se em quadro psicótico grave agressivo, taquilálico, agitado e com curso de pensamento acelerado, além de elevado risco de heteroagressividade, associado a quadro delirante e catatônico, necessitando de contenção física. Considerando a recorrência e a gravidade dos sintomas, o tratamento em pauta poderia beneficiar significativamente o paciente, diminuindo seu tempo de internação e diminuindo os gastos públicos com o tratamento farmacológico ineficiente. Contudo, a falta de financiamento público, como um reflexo da desinformação e perpetuação do estigma na sociedade, impossibilita o acesso de pacientes que, como no caso, não possuem condições de pagar pela terapia. Conclusões: Assim, fica evidente a necessidade de se repensar as políticas nacionais acerca da eletroconvulsoterapia como um tratamento válido e seguro.  Pois a negação do acesso a esta modalidade de tratamento afeta principalmente a camada mais pobre da sociedade, como no presente caso.

     

  • Palavras-chave
  • Eletroconvulsoterapia, Sistema Único de Saúde, Acesso
  • Área Temática
  • Clínica Médica, Cirúrgica e áreas afins
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