Introdução:
A medicina a base de Cannabis spp. pode ser importada por pacientes Brasileiros através de autorização concedida pela Agência de Vigilância Sanitária (ANVISA). A RDC 17 de 2015 garante aos pacientes a importação direta. Os pré-requisitos para um paciente obter a autorização são: receita e laudo médico.
Existem ainda 45 pacientes com habeas corpus e 25 Associações de Cannabis, os quais fabricam seus próprios medicamentos (REFORMA, 2019). O problema aqui apresentado é que não existe exigência legal para o teste de produtos artesanais ou para lotes de óleos importados de forma direta.
A cromatografia de camada delgada (CCD) é um método utilizado por décadas na mensuração do perfil de cannabinoides principais de produtos a base de Cannabis (SEGELMAN, 1973). As Nações Unidas recomendam o uso da CCD como técnica precisa e de baixo custo (DEBRUINE, et al., 1994). A CCD ainda é apontada como fonte de dados fidedignos a baixo custo (SHERMA e RABEL, 2019) já foi comparada ao teste de Cromatografia a Gás (CG) sendo apontada como uma forma válida de mensurar cannabinoides (BÉGUERIE e GARCIA, 2013).
A CCD também foi comparada à Cromatografia de Liquida de Alta Eficiência (CLAE)[1] obtendo resultados próximos, com um erro de +_ 0,5% (FISHEDICK et al., 2009). No Brasil a CCD é apontada como uma das ferramentas de inteligência policial na identificação de cannabinoides (GARRIDO et al., 2013).
Objetivo:
O objetivo deste trabalho é apresentar a CCD como forma confiável de mensurar o perfil de Cannabinoides. A CCD.
Métodos:
O primeiro passo foi importar um mini kit de CCD da empresa Alpha-CAT.. O teste foi importado pelo valor de R$ 425,00 e este pode realizar até 8 mensurações. A amostra obtida foi a de um extrato artesanal rotulado como “rico em CBD”.
O Cannabidiol (CBD) estava destacado como o cannabinoide de maior presença. O mesmo óleo era rotulado como “full spectrum”, fazendo referencia a técnica de extração a qual não se separa os cannabinoides principias da Cannabis spp.
O teste consistiu em pesar 100 mg de extrato artesanal em uma balança de precisão com escala para 1 mg. A amostra foi colocada em um eppendorf junto a 1 ml de solução diluente e agitada por 2 minutos. Após 5 minutos da agitação se extraiu, como pipeta capilar, 1 ul de solução, que foi adicionado à placa de vidro.
A placa foi posicionada em frasco de arrasto com 2 ml da solução. Durante 15 minutos a solução se arrastou na placa de forma a separar os cannabinoides principais em duas manchas, laranja e azul.
A placa passou por 15 minutos de secagem e depois foi aquecida à 142 C por 5 minutos. A placa foi imersa por 1 segundo em uma solução de die. O resultado final foi mensurado de duas formas: a primeira mediu o diâmetro da mancha e a segunda comparou-se o padrão de cor e intensidade sugerido pelo fabricante para aferir a quantidade de CBD e THC[2].
Resultados ou Análise Crítica
O resultado da análise foi que a amostra possuía 7% de CBD e 5% de THC em 1 ml. O resultado confirma que o óleo era rico em CBD, e que possuía pelo menos outro cannabinoide, indicando ser um óleo full spectrum.
O CBD é o Cannabinoide principal, cumprindo o que existe no rótulo, mas o THC neste mesmo óleo responde por 41,66 % do total de cannabinoides. No óleo testado em cada 1 ml existe 70 mg de CBD e 50 mg de THC. Este esclarecimento, de “o que” tem nos óleo precede o contrato entre médico e paciente “de quanto se tomar”.
Conclusão:
Este trabalho se propôs a apresentar a CCD como uma das formas de quantificar o perfil de cannabinoides de óleos e extratos presentes no Brasil. A normas de importação direta para o paciente, de acordo com a RDC 17 de 2015 (ANVISA, 2015), não obrigam o teste do lote do perfil do medicamento.
O teste de perfil de cannabinoides é uma solução econômica, que custou R$ 53,12 (R$ 425,00/8). A CCD é apontada na literatura como uma ferramenta precisa nos últimos 40 anos (SGELMAN, 1973, DEBRUINE, et al., 1994, SHERMA e RABEL, 2019) e como uma ferramenta de inteligência policial no Brasil (GARRIDO et al., 2013).
Conclui-se, então, que a CCD é uma ferramenta de baixo custo que pode ser utilizada no auxilio de pesquisadores, médicos e pacientes que almejam descobrir o perfil de Cannabinoides de forma precisa.
[1] A CLAE é a tradução de High Performance Liquid Chromatography (HPLC)
[2] Tetra-hidrocanabinol
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