Introdução: A lesão axonal difusa (LAD) é uma lesão grave de padrão difuso, caracterizada pela produção de hemorragias pontilhadas por todo o cérebro, principalmente, na margem entre a substância branca e a cinzenta. De acordo com a global Burden of Disease Study, é causada, em sua maioria, em impactos de alta velocidade ou em lesões por desaceleramento, muito comum em acidentes de trânsito. Sendo estes acidentes a oitava causa de mortes do mundo, aproximadamente 1,24 mi de fatalidades por ano, as quais atingem, geralmente, jovens de 15-29 anos. Consoante PITTELLA, a LAD não somente é a causa mais comum de coma pós-traumático na ausência de uma lesão intracraniana em expansão e de estado vegetativo, mas também de incapacidade após traumatismo craniano.
Objetivos: Entender a etiologia, gravidade e recorrência da LAD em acidentes de trânsito.
Metodologia de busca: Trata-se de uma revisão de literatura, feita por intermédio de busca de artigos nas bases de dados Pubmed, Medline e Scielo com os descritores “lesão axonal difusa” e “acidentes de trânsito”. Ao todo foram encontrados 20 artigos sobre os temas, excluíram-se artigos que não se enquadravam na temática e os que continham conflitos de interesse, por fim, foram analisados 7 artigos em língua portuguesa e inglesa, datados de 2002 a 2015.
Discussão: De acordo com o Jornal Brasileiro de Neurocirurgia, 75,8% das 120 vítimas fatais de acidentes de trânsito apresentaram LAD. O impacto dos acidentes provocam a lesões difusas até 3 vezes mais que lesões focais. Isso ocorre, pela cinemática do trauma que é, em sua maioria, análoga, a da LAD. Esta, é provocada pelo estiramento do axônio durante o trauma, o qual causaria uma alteração do axolema junto ao nódulo de Ranvier, mudando sua citoarquitetura, assim, impede o transporte axoplasmático. Destarte, o bloqueio deste provoca o acúmulo de organelas e axoplasma junto ao nódulo, determinando a tumefação do mesmo. Essa alteração em sua maioria encontra-se distribuída difusamente, contudo, pode-se verificar uma tendência para a localização lateralizada nas formações inter-hemisféricas e porção rostral do tronco encefálico. Dessa forma, frequentemente, provoca agressão hipóxica, isquêmica ao cérebro devido a choque prolongado ou apneia que ocorrem mediatamente após o trauma.
Considerações finais: Até a década de 70 a principal lesão cerebral traumática considerada era a contusão, limitando a maioria dos trabalhos para uma visão macroscópica, contudo na última década o enfoque foi transferido para as lesões microscópicas, em especial a LAD sendo o achado mais comum em casos fatais de acidente de trânsito. Percebendo essa preocupante ligação, saber reconhecer a fisiopatologia e a etiologia dessa lesão é essencial para o médico diante de situações de emergência.
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