INTRODUÇÃO: O direito à saúde situa-se como meio de garantia à cidadania, segundo a Declaração dos Direitos Humanos e a Constituição Federal Brasileira, que preconiza que este direito deve ser garantido mediante políticas sociais e acesso universal e igualitário, com foco no princípio da equidade. Esta questão aparece, então, categorizada em vários eixos nos quais a Saúde da Mulher tem preponderado em alguns aspectos e sido negligenciada em outros. Quando se observa substratos menores é gritante o descaso ainda relacionado às condutas destinadas à mulher surda, que, marginalizada, fica segregada e sem os conhecimentos básicos sobre sua própria saúde, o que a faz alvo de agravos e abusos que poderiam ser evitados com ações preventivas simples. OBJETIVO: Este estudo tem como objetivo identificar os principais obstáculos na prevenção e promoção da saúde da mulher surda, bem como identificar quais categorias de saúde são mais negligenciadas quando se trata das mulheres surdas. METODOLOGIA: O objeto do presente trabalho consiste em um estudo do tipo revisão literária, com abordagem qualitativa, de natureza aplicada e objetivos exploratórios, em periódicos indexados nacionais, dissertações e teses. Para tanto foi realizada uma pesquisa bibliográfica nas bases de dados Scientific Electronic Library Online (SciELO), Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLine), Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (Lilacs), e Google Acadêmico, publicados entre 2013 e 2019, usando os descritores: “Saúde da Mulher”; “Língua de Sinais”; “Promoção da Saúde”, apenas no idioma Português. RESULTADOS: Foi atestado que, desde as Unidades Básicas de Saúde, consideradas a porta de entrada do Sistema Único de Saúde, até hospitais referenciais de agravos e de grande porte, persistem diversas barreiras na obtenção de conhecimentos básicos por parte das mulheres surdas, reflexo da dificuldade de comunicação com os profissionais de saúde, que não conhecem a LIBRAS, o que exige a presença de um intérprete e a perda da privacidade da paciente, prejudicando desde a anamnese até o diagnóstico. Incide, também, uma ruptura no acesso, causado pela superproteção familiar, sendo a mulher surda blindada, infantilizada e observada como incapaz, o que cria uma barreira que bloqueia a chegada das informações e, consequentemente, de saúde a essas mulheres. Ainda, quando se estabelece algum contato, entre profissional e paciente surdo, o atendimento resta prejudicado, pois a assistência à saúde não se assemelha ao garantido em lei, pois por ser tida como incapaz, na maioria das vezes, a mulher surda não participa ativamente da tomada de decisões sobre sua condição. Além disso, quando em processo de gravidez, parto e pós-parto, momentos em que os cuidados devem ser redobrados, persiste a dificuldade de ajudar estas mulheres surdas a transpor suas limitações e situações, que ocorrem durante o período gestacional, causada, principalmente, pelo não entendimento dos profissionais de saúde que não estão preparados para estabelecer uma comunicação eficiente e adequada. CONCLUSÃO: É necessário identificar estas mulheres surdas e criar estratégias de saúde que garantam a obtenção de conhecimentos preventivos e de promoção de saúde, bem como o fortalecimento de sua autonomia e autocuidado, garantindo cuidado inclusivo, qualificado e eficaz. Além disso, estabelecer mecanismos de aprendizagem e aperfeiçoamento da LIBRAS por parte da equipe interdisciplinar que atua em cada nível de atenção de saúde, a fim de que os próprios membros da equipe possam estabelecer uma comunicação direta com a paciente e para que as informações sejam compreendidas sem a necessidade de um interlocutor intérprete ou familiar, o que asseguraria uma relação de maior confiança e sigilo com esta usuária. Este aprendizado também favorece o estabelecimento de um vínculo mais forte entre profissional e paciente, além de um maior aproveitamento do atendimento e ações terapêuticas, pois ao mesmo tempo que repassa informações necessárias e básicas, também legitima a autonomia da mulher surda quanto à sua saúde.
O Congresso Internacional Transdisciplinar & II Jornada Acadêmica de Medicina do IESVAP tem como principal objetivo promover a integração da comunidade acadêmica a fim de discutir as questões pertinentes à formação profissional, bem como promover a disseminação de conhecimento de uma forma plural com os diversos cursos que compõem as Ciências da Saúde e as Ciências Humanas, promovendo assim uma melhor reflexão para a ação consciente da prática profissional.
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