RINCIPAIS COMORBIDADES QUE ACOMETEM OS PORTADORES DE HIV NA REGIÃO NORDESTE DO BRASIL NO PERÍODO DE 2008 A 2017: UMA REVISÃO DE LITERATURA.
Alcione Barbosa Viana Filho¹; Antonio Gleysson Vieira Abreu Menezes¹; Gabriel Barreto Nogueira Santos1; Maria Isabel Lima da Nóbrega1; Ana Rachel Oliveira de Andrade².
¹Discente do curso de medicina da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde (FAHESP) / Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (IESVAP), Parnaíba – PI.
² Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias e Docente do curso de medicina da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde (FAHESP) / Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (IESVAP), Parnaíba – PI.
INTRODUÇÃO
O vírus HIV acomete o sistema imunológico humano, tal sistema interfere na defesa do organismo para com a doenças. Dessa forma a dificuldade de defesa do organismo propicia a origem de doenças oportunistas e consequentemente manifesta a Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (AIDS). (SILVA, 2017)
Ao final da década de 70, surgiu a epidemia de AIDS com casos detectados nos Estados Unidos, Haiti e a África Central. No início da incidência pensava-se que os casos se restringiam a um determinado grupo, dessa forma adotou-se o termo doença dos 5H (Homossexuais, Hemofílicos, Haitianos, Heroinômanos - usuários de heroína injetável, Hookers - profissionais do sexo). (DE SOUSA, 2012)
Em 1980, surgiu o primeiro caso de morte por AIDS do país no Estado de São Paulo (WALDVOGEL, 2016). Desde o primeiro caso até junho de 2018, no Brasil já se notificaram 926.742 casos de AlDS. (BOLETIM EPIDEMIOLOGICO, 2018)
Dentre todas as regiões do Brasil, o nordeste é a que tem os piores índices de AIDS, com aumento de de 62,6% na taxa de incidência e elevação de 33,3% na mortalidade nos últimos 10 anos. (MARTINS, 2014)
A Região Nordeste apresenta situação favorável para os elevados índices de prevalência do HIV e de coinfecções associadas como a da tuberculose. Justificada pela ocorrência de grandes contingentes populacionais de baixa renda e uma maior desestruturação dos serviços públicos dessa região em especial. (BARBOSA, 2014)
A AIDS ocorre pela infecção nos linfócitos causada pelo vírus HIV, deixando o corpo suscetível a infecções por doenças oportunistas devido ao comprometimento da resposta imune. Sendo as principais comorbidades que afetam os indivíduos com HIV: Tuberculose, Leishmaniose Visceral, Hepatite B e Hepatite C.(SILVA, 2017)
Conhecer as comorbidades e coinfecções que os pacientes portadores de HIV estão expostos é fundamental, pois permitirá montar estratégias com a equipe multidisciplinar de saúde. E ainda, otimizar o encaminhamento e acesso aos serviços de saúde pública. (RIGHETTO,2014)
Justifica-se então a realização deste estudo, que teve por objetivo principal descrever as principais enfermidades que acometem os portadores de HIV no nordeste do Brasil, nos anos de 2008 a 2017.
OBJETIVOS
Descrever as principais comorbidades associadas a infecção pelo HIV em moradores da região nordeste no período de 2008 a 2017.
METODOLOGIA
Estudo seccional, com corte transversal, descritivo e prospectivo. Os dados epidemiológicos foram colhidos na plataforma do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), em sua área de “Informações de saúde (TABNET)”, das doenças Tuberculose, Leishmaniose Visceral, Hepatite B, Hepatite C sendo a variável Coinfecção de HIV. Os dados foram colhidos no intervalo de 2008 a 2017.
O referencial teórico foi analisado na plataforma de busca scielo, utilizando-se os descritores “Coinfecção HIV/AIDS” e “doenças oportunistas HIV/AIDS", em operadores booleanos aditivos restritivos. Com o resultado parcial dos artigos encontrados, foram aplicados critérios de exclusão, os quais, período de publicação fora do intervalo de tempo de 2008 a 2017.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A Região Nordeste do território brasileiro é composta por nove estados: Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe. Vale destacar, que a dinâmica de transmissão de HIV em diferentes contextos regionais e culturais geram variáveis padrões de infecção. Neste trabalho é apresentado um estudo temporal das principais coinfecções do HIV nos estados do nordeste.
A disseminação das infecções de HIV nas regiões do Brasil mostra uma elevada concentração nas regiões sudeste (51,80%) e sul (20,00%) e consequentemente nas regiões Nordeste (15,8%), Norte (6,40%) e por fim o Centro-Oeste (6,10%). (BOLETIM EPIDEMIOLOGICO, 2018).
Apesar da região nordeste não ser a região de mais casos notificados no Brasil, este estudo se faz necessário pois esta é uma parte do Brasil que apresentam grande incidência de áreas remotas e consequentemente dificuldades de acesso a informação. De acordo com o gráfico 1 é o observado o crescimento da incidência de HIV na região nordeste.
É indubitável que, a tuberculose é uma doença infecciosa causada pelo Mycobacterium tuberculosis e tem maior probabilidade de se desenvolver em pessoas portadoras de HIV/AIDS. Devido sua etiopatogenia bacteriana, nos casos de coinfecção Tuberculose/HIV é a causa de maior morbi-mortalidade envolvendo portadores do vírus. Há uma interação sinérgica entre a tuberculose e o HIV, sendo assim, ocorre uma progressão mútua entre eles. Além disso, a tuberculose é a terceira causa de morte por doenças infecciosas e a primeira causa de morte entre os pacientes HIV positivos. (PILLER, 2012)
De acordo com os dados do gráfico 2, as confecções de HIV / Tuberculose é elevada em números absolutos e mesmo comparada as outras coinfecções.
A leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa provocada por um parasita (Leishmania infantum chagasi) e transmitida pelo vetor, o inseto Lutzomyia longipalpis e Lutzomyia cruzi.
Segundo Barbosa (2016), a região Nordeste do Brasil é a principal área endêmica do país na infecção da Leishmaniose Visceral. A infecção do HIV aumenta, de 100 a 2.320 vezes o risco dessa doença, já que suprime o sistema imunológico do indivíduo, deixando vulnerável para o desenvolvimento da mesma.
De acordo com o gráfico 3, a confecção HIV / Leishmaniose Visceral vem apresentando um crescimento ao longo dos últimos 10 anos. Dado esse, bastante preocupante pois o tratamento dessa coinfecção provoca muitos efeitos adversos devido os medicamentos utilizados serem altamente nefrotóxicos e hepatotóxicos. (NEVES, 2016)
O Vírus da Hepatite B (VHB) é um vírus DNA, envelopado, pertencente à família Hepadnaviridae, que infecta apenas os seres humanos. A hepatite B em seu curso natural apresenta-se como uma doença aguda autolimitada com forma grave, característico de um quadro crônico com evolução para cirrose hepática e hepatocarcinoma. (DA SILVA, 2012)
O gráfico 4 mostra a coinfecção HIV/Hepatite B em números absolutos e a incidência dessas doenças no decorrer desses 10 anos.
Fundamentalmente, a infecção pelo VHB tem impacto adverso sobre a progressão do HIV, a coinfecção HIV-VHB tem impacto negativo significativo sobre o desfecho do HIV, onde os indivíduos coinfectados apresentam risco significativamente maior de AIDS ou morte. (VERONESI, 2015)
De acordo com o gráfico 4, a coinfecção do HIV com a Hepatite B manteve-se estável. De fato a mesma é uma coinfecção alta mas que com o decorrer dos anos se manteve com poucas oscilações.
A coinfecção é explicada pelas vias de transmissão serem comuns a esses dois vírus, o VHB e o HIV compartilham vias semelhantes de transmissão basicamente sexual, vertical e parenteral. Dessa forma, os pacientes com coinfecção por HIV/VHB tem risco de 19 vezes maior de morte pela doença hepática do que aqueles com monoinfecção pelo VHB. (VERONESI, 2015)
A Hepatite C é causada pelo vírus C (HCV) . Nesse ínterim, a doença hepática é uma das principais causas de hospitalização em indivíduos infectados pelo HIV. As consequências das enfermidades hepáticas são propícias à hepatite viral crônica, hepatotoxicidade pertinente a fármacos, uso excessivo de álcool, doença do fígado gorduroso e relação do fígado como parte de outras condições sistêmicas.
Como é observado pelo gráfico 5, dentre as principais coinfecções que acometem o portador do HIV, a Hepatite C é a que apresenta menor incidência.
Impende salientar, também, que de acordo com IDH (2010) a região nordeste do Brasil é a que possui o menor índice de desenvolvimento humano do país. Assim, é fulcral que a pobreza está presente nesse território, então tem-se facilitada a manutenção do cenário de propagação do HIV. Dessa forma, é notório a correlação entre fatores socioeconômico e a maior vulnerabilidade à doença e suas comorbidades. Na pesquisa, destacou-se as principais doenças que afetam os indivíduos com HIV/AIDS, são: Tuberculose, Leishmaniose Visceral, Hepatite B e Hepatite C. Além disso, dentre as coinfecções, é evidente a maior incidência dos casos associados à tuberculose, e os elevados nPalavras-chave
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