USO INDISCRIMINADO DE BENZODIAZEPÍNICOS E SAÚDE MENTAL: UMA REVISÃO DA LITERATURA
1Débora Cristina Mendes Figueira; 1Júlia Romana de Santana Costa; 1Cindy Moura Dias de Araújo; 2Eryka Borge Pinto; 2Maria Eduarda Mauriz Rodrigues; 3José Lopes Pereira Júnior.
1Graduanda em Medicina pelo Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba - IESVAP; Graduanda em Medicina pela Universidade Federal do Piauí campus Ministro Reis Veloso 3Docente do curso de Medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba – IESVAP.
Área temática: Atenção à saúde.
E-mail do autor: julyana.souza.a@gmail.com
INTRODUÇÃO: Os benzodiazepínicos são psicofármacos direcionados para o tratamento de transtornos de ansiedade, devido a suas funções hipnóticas, ansiolíticas, anticonvulsivantes e miorrelaxantes. Em função de sua grande eficácia e baixa nocividade, seu uso foi estimulado e popularizado em vários segmentos da sociedade, de modo que, atualmente, essa classe de fármacos emerge como uma das mais prescritas nos países ocidentais, inclusive no Brasil. Sendo assim, no território brasileiro a maior parte das prescrições de benzodiazepínicos é emitida em serviços de atenção primária, em que os médicos relatam ter pouco tempo para consultas e para o desenvolvimento de estratégias terapêuticas alternativas no tratamento da insônia e ansiedade, que são os principais motivos do consumo. Há décadas se reconhece o uso indiscriminado de benzodiazepínicos no mundo, principalmente a utilização por longos períodos e em situações injustificadas tornando-se um problema de saúde pública. OBJETIVO: Evidenciar por meio de uma revisão bibliográfica o uso indiscriminado de benzodiazepínicos, juntamente com seus efeitos adversos e dependentes. Ademais, reafirmar o erro da atenção primária a saúde que favorece essa condição MÉTODOS: Refere-se a uma de revisão bibliográfica realizada em outubro de 2019, na qual foram utilizados como palavras-chave os Descritores em Ciência da Saúde (Decs), em português: “benzodiazepínicos”, “prescrição inadequada” e “saúde mental”, “automedicação” sendo “AND” o conectivo empregado entre os descritores nas bases de dados Pubmed, Lilacs e SciELO. A amostra se deu através da leitura de 5 artigos, foi utilizado como critério os idiomas português e inglês publicados entre os anos de 2010 a 2019. RESULTADOS: A elevada prevalência da utilização de benzodiazepínicos se faz presente em vários países, tornando-se alvo de preocupação na saúde pública, uma vez que o uso sem prescrição médica, em quantidades e tempo superior ao determinado tem sido crescente nos últimos anos. Os artigos analisados revelam que o consumo desse ansiolítico está associado ao controle da insônia, ansiedade, fuga dos problemas, conflitos familiares e dificuldades econômicas. No Brasil o uso indiscriminado dessa medicação é favorecido pela distribuição gratuita pelos programas governamentais e carência de habilidades médicas inerentes ao diagnóstico adequado induzindo erros de conduta. Além disso, a alta prevalência de utilização dessa medicação é motivada pela exposição ao estresse resultante seja da exaustiva jornada de trabalho, seja das responsabilidades inerentes à vida acadêmica, justificando o consumo entre trabalhares e estudantes. Ademais, a insônia e ansiedade são as principais manifestações nas quais motivam a prescrição de ansiolíticos para a população idosa. Os estudos avaliados demostram que a utilização por período curto não gera grandes problemas ao indivíduo, contudo, o uso por período superior a seis meses sem justificativa pode culminar em danos para os usuários como dependência, alterações cognitivas e psicossociais. Viu-se ainda que os usuários portadores de sofrimentos mentais em geral apresentam redução significativa da qualidade de vida, com menor produtividade, maior morbidade e mortalidade, e maiores taxas de comorbidade. Partes destes enormes custos sociais diretos e indiretos podem ser agravadas por tratar-se de um grupo de transtornos subdiagnosticados, subavaliados e, com frequência, inadequadamente tratado com a administração dos BZD ; o uso contínuo destes medicamentos pode provocar o fenômeno de tolerância, sendo necessárias doses cada vez mais altas para manter os efeitos terapêuticos desejados. CONCLUSÃO: Significativamente médicos e farmacêuticos contribuem para a diminuição do uso indiscriminado de benzodiazepínicos, por meio da adoção de condutas justificáveis por referências baseadas em evidências, bem como protocolos e diretrizes bem estabelecidas. Nesse sentido, estratégias de educação permanente entre os profissionais devem ser constantemente discutidas e avaliadas. Considerando que os problemas de origem psicológica ou psicossocial são vistos inicialmente no atendimento primário, a prescrição correta por clínicos gerais e o compartilhamento de responsabilidades pela equipe multiprofissional é um ponto chave na saúde mental.
PALAVRAS-CHAVE: Benzodiazepínicas, Prescrição inadequada, Saúde mental.
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