PERFIL EPIDEMIOLÓGICO E FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA NO BRASIL

  • Autor
  • Milena da Rocha Rodrigues Meneses
  • Co-autores
  • Ariane Matildes de Oliveira , Carolyne Machado Desiderio , Irla Carvalho Chaves Caminha , Leiz Maria Costa Veras , Ilvanete Taveres beltrão
  • Resumo
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    INTRODUÇÃO: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) aponta, é atualmente a quarta causa de morte no mundo, depois de infarto do miocárdio, câncer e doença cerebrovascular, sendo prevista como terceira até 2020. Constitui-se, portanto, de um importante problema de saúde pública em escala global. Estima-se que 210 milhões de pessoas apresentam a DPOC, sendo que 65 milhões se encontram nos estágios moderado e grave. Além disso em 2012, mais de três milhões de pessoas morreram de DPOC, representando 6% de todas as mortes em todo o mundo (MARÇÔA, 2017)A doença é uma entidade clínica caracterizada por persistente limitação do fluxo aéreo, geralmente progressiva e relacionadas à resposta inflamatória crônica das vias aéreas, ocasionada predominantemente por partículas ou gases nocivos. Esta resposta inflamatória crônica pode induzir à destruição dos tecidos do parênquima pulmonar, resultando em enfisema, interrompendo o reparo normal e mecanismos de defesa, culminando em fibrose das pequenas vias aéreas - alterações estas que levam ao aprisionamento de ar e progressiva limitação do fluxo aéreo. Estabelecido segundo a Iniciativa Global para a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (GOLD) classifica DPOC como “uma doença caracterizada pela limitação do fluxo aéreo que não é totalmente reversível. (RODRIGUEZ-ROISIN 2017). A partir da observação nas práticas hospitalares da alta prevalência da doença, sobretudo em idoso e do difícil diagnóstico, que muitas vezes é alcançado tardiamente dificultando o tratamento e tem promovido o aumento no número de atendimentos na emergência e repercutido na elevação nos índices nacionais de morbimortalidade. Dessa forma esse estudo se faz de imensa relevância uma vez que as estatísticas locais possibilitam indicar atores de risco em populações e combatê-los de maneira mais eficaz. OBJETIVOS: A realização deste trabalho teve como objetivo efetuar uma análise bibliográfica tendo tema principal a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica-DPOC, com especial ênfase na análise da fisiopatologia e o perfil epidemiológico da doença no Brasil. Assim sendo, esta dissertação é de índole teórica, estando isenta de qualquer tipo de trabalho prático experimental. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura. Onde foram pesquisados artigos no portal da Biblioteca Virtual de Saúde (BVS), Revista Brasileira de Saúde, Jornal Brasileiro de Pneumologia, Consensos e Diretrizes da SBPT e documentos do Ministério da Saúde. No portal da BVS foi utilizado o banco de dados LILACS e SCIELO, onde, no total se procedeu a análise de 85 artigos científicos, utilizando como descritores ‘Doença Pulmonar obstrutiva’, ‘DPOC’; ‘Epidemiologia’ e ‘Brasil’. Somado a isso foram considerados os critérios de exclusão utilizados para esta análise, a falta de proximidade com a temática, material em língua estrangeira e, textos não disponíveis no todo na base de dados, sendo, no total, excluídos 65 artigos científicos e, avaliados 20, sendo aproveitados apenas 17 artigos para a construção de nossa literatura final. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A DPOC é uma doença que acomete a população mundial. Aponta-se como uma doença característica de adultos mais velhos, manifestando-se na quinta ou sexta décadas de vida. A preponderância no sexo masculino é explicada basicamente pela maior prevalência do tabagismo nos homens, porém essa diferença tem se reduzido pela maior proporção de mulheres fumantes aumentando a sua prevalência no sexo feminino nas últimas décadas. Fatores como a exposição ao tabaco e a outros poluentes ambientais, além das variações climáticas, têm levado a exacerbação do aumento das doenças respiratórias em todo o globo, dentre elas a DPOC (CHRONIC, 2012). A doença está relacionada principalmente pela inalação de gases e partículas nocivas que ocasiona nos pulmões uma resposta inflamatória, que, quando exacerbada, causa alterações estruturais como o estreitamento das pequenas vias aéreas distais abertas, causando seu fechamento precoce, principalmente durante a expiração e resultando em obstrução do fluxo aéreo. De acordo com o local em que ocorre o principal mecanismo da limitação crônica ao fluxo aéreo há uma classificação: pequenas vias aéreas (bronquite) ou destruição parenquimatosa (enfisema), sendo este predomínio mutável de sujeito para sujeito. O enfisema é caracterizado como o alargamento anormal e constante dos espaços aéreos distais aos bronquíolos terminais. Ele é complementado pela destruição da parede das vias aéreas responsáveis pela troca gasosa, com ausência de fibrose evidente (conjuntura presente na definição para a diferenciação do comprometimento alveolar tido nas pneumonias intersticiais). O termo enfisema é, por conseguinte, de natureza patológica, ainda que seja com muitas vezes, e de forma inadequada, empregado para descrição de um quadro clínico. As alterações patológicas representativas do enfisema podem anteceder a identificação da obstrução ao fluxo aéreo. Já a bronquite crônica, entende-se como a presença de tosse produtiva crônica por pelo menos três meses em cada um de dois anos consecutivos, em um indivíduo em que outras causas de tosse crônica tenham sido eliminadas. Esta definição, ao contrário da observada no enfisema, é de natureza clínica e epidemiológica, não tendo, no entanto, associação direta com a restrição ao fluxo aéreo, podendo antecede-la ou não existir nos pacientes com obstrução aérea significativa. Ainda não se conhece o real panorama geral da prevalência da DPOC em nosso meio. Os dados para o Brasil, obtidos até o momento, são de questionários de sintomas, que permitem estimar a DPOC em adultos maiores de 40 anos em 12% da população, ou seja, 5.500.000 indivíduos. Considerando dados preliminares do estudo PLATINO realizado pela ALAT (Associação Latino-Americana de Tórax), na cidade de São Paulo, a prevalência da DPOC varia de 6 a 15,8% da população com idade igual ou superior a 40 anos, equivalente a 2.800.000 a 6.900.000 indivíduos com DPOC. A prevalência menor é encontrada quando se utiliza a relação VEF/CVF inferior a 0,70 e o VEF, inferior a 80% do previsto como critérios de diagnóstico e a maior quando se utiliza somente a relação VEF/CVF inferior a 0,70. HALLDIN, et al. (2015) comparou a prevalência da asma e da DPOC nos Estados Unidos, em intervalo superior a dez anos, os autores destacaram que ainda permanecem como fatores associados à DPOC o tabagismo, o baixo nível educacional, os distúrbios da nutrição e a exposição a poeiras e fumaças ocupacionais. Já no Brasil, o Instituto Nacional do Câncer publicou que 15,1% da população (de 190.732.694 milhões de pessoas) são tabagistas, o que representa o principal fator de risco para DPOC, visto que, aproximadamente 15% destes desenvolvem a DPOC. Evidenciando-se, portanto, apontado em todos os estudos como fator intimamente associado a doença, que por si só representa um importante problema de saúde pública. Pelos dados do Ministério da Saúde (DATASUS) registrou-se que a DPOC foi a quinta maior causa de internamento no sistema público de saúde do Brasil, em maiores de 40 anos, representando um gasto para o sistema de cerca de R$ 92 bilhões em 2010 (Ministério da Saúde, 2013). Apesar do alto índice de subdiagnóstico, a estimativa é que a DPOC represente a terceira causa de morte no mundo em 2020 (GOLD, 2016). Ressalta-se a morbidade, em DPOC, foi em 2003 a quinta maior causa de internamento no sistema público de saúde do Brasil, em maiores de 40 anos, com 196.698 internações e gasto aproximado de 72 milhões de reais. No que diz respeito a mortalidade vem ocorrendo um aumento do número de óbitos por DPOC nos últimos 20 anos, em ambos os sexos, tendo a taxa de mortalidade passado de 7,88 em cada 100.000 habitantes na década de 1980, para 19,04 em cada 100.000 habitantes na década de 1990, com um crescimento de 340%. A DPOC nos últimos anos vem ocupando da 4 a 7 posição entre as principais causas de morte no Brasil. Dessa forma, tendo em vista as atuais condições de saúde da população, com o crescimento na expectativa de vida, a averiguação recente de novos fatores causadores da DPOC e as avaliações de impacto na utilização dos serviços de saúde, levando-se em conta os custos de assistência, devem colaborar para o melhor conhecimento da DPOC e, consequentemente, prover subsídios para o controle dessa enfermidade. Evidencia-se com isso, que as atuais características epidemiológicas da DPOC realmente representam um grande desafio para médicos, pesquisadores e gestores de saúde. CONCLUSÃO: Infere-se que na DPOC, a limitação do fluxo aéreo é progressiva e está associada a uma resposta inflamatória anormal dos pulmões a partículas ou gases nocivos, essa inflamação provoca a formação de tecido cicatricial e o estreitamento da luz das vias aéreas, visto isso, o Consenso da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), publicado em 2004, definiu a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) como uma patologia respiratória prevenível e tratável. Esse conceito tem por finalidade ressaltar alguns aspectos importantes da DPOC, entre eles, que esta doença é previnível, por isso é importante avaliar seu perfil epidemiológico, visto que, através desses estudos há a possibilidade de realização de ações que objetivam elaborar estratégias públicas de combate e prevenção dessa enfermidade. No Brasil, ocorrem cerca de 40 mil mortes a cada ano, segundo o DATASUS, sendo a principal causa o tabagismo e o sexo feminino o mais afetado. Portanto, evidencia-se que é fundamental realizar estudos epidemiológicos, uma vez que as estatísticas locais permitem identificar populações e fatores de risco e combatê-los de maneira mais efetiva.

     

  • Palavras-chave
  • Doença Pulmonar obstrutiva , DPOC, Epidemiologia , Brasil.
  • Modalidade
  • Exposição
  • Área Temática
  • I - ATENÇÃO À SAÚDE
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