INTRODUÇÃO: A Associação Brasileira de Ligas Acadêmicas de Medicina define as Ligas Acadêmicas como entidades constituídas fundamentalmente por estudantes, em que se busca aprofundar temas em uma determinada área da Medicina. Para tanto, as atividades das Ligas Acadêmicas se orientam segundo os princípios do tripé universitário de Ensino, Pesquisa e Extensão. Entretanto, a educação superior no Brasil prioriza o ensino e a pesquisa, sem valorizar as atividades de extensão como indispensáveis para a formação profissional e para a efetivação dos princípios de uma Liga Acadêmica. Enquanto a pesquisa e o ensino têm sido alvo de discussões que originaram elaborados sistemas de avaliação da produção científica e da qualidade dos cursos, a extensão universitária, por outro lado, não recebeu a mesma ênfase, nem sofreu as transformações necessárias em ritmo e intensidade pertinentes para acompanhar a evolução do ensino superior (SILVA; VASCONCELOS, 2006). Vale salientar, ainda, que as atividades de extensão, propiciam aos cidadãos um novo contato com a educação, promovendo a popularização de conhecimentos para grupos amplos e que, em muitos casos, estão afastados dos ambientes acadêmicos tradicionais. OBJETIVO: Promover a integração do conhecimento teórico-prático possibilitando ao aluno reconhecer a relevância da extensão universitária e sua contribuição para a formação médica voltada para a prática de ações de promoção e prevenção de saúde através da vivência durante o Projeto Quem Ama Educa. MÉTODOS: O projeto foi realizado por acadêmicos de medicina do Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (IESVAP) e membros efetivos da Liga Acadêmica de Propedêutica Médica do Piauí. Constituiu-se de um projeto transversal, de caráter quantitativo. O projeto iniciou-se no segundo semestre do ano de 2018 e findou no primeiro semestre de 2019. A primeira etapa foi a de abordagem da população, que se deu por conveniência através daqueles que estavam disponíveis no local. Após explicação acerca do anonimato dos participantes, os questionários foram aplicados. Cada questionário possuía cinco questões e as únicas assertivas previstas eram “sim” e “não”. Na primeira ação, cada questionário aplicado possuía uma das seguintes temáticas: doenças crônicas não transmissíveis, depressão, álcool e drogas e câncer de pele. Ademais, a liga realizou postagens de conscientização sobre os temas abordados nas redes sociais, aumentando o alcance do projeto. Ao término de todas as ações, os questionários foram contabilizados. Durante o primeiro semestre de 2019, a ação possuiu caráter exclusivamente interventor sobre o tema de maior carência encontrado na primeira etapa do Projeto. A primeira intervenção ocorreu dia 27 de Abril em um shopping local e a segunda ocorreu dia 3 de Junho na Unidade Básica de Saúde de Ilha Grande, ambos localizados na cidade de Parnaíba- PI. As atividades contaram com: 1. Explanação acerca de bons hábitos de vida com auxílio de banner; 2. Triagem e promoção em saúde; 3. Disponibilização de receita e de amostra de sal alternativo menos nocivo à saúde; 4. Avaliação de impacto. RESULTADOS E DISCUSSÃO: A partir dos questionários aplicados na primeira etapa do projeto Quem Ama Educa constatou-se a deficiência na qualidade das informações sobre doenças crônicas não transmissíveis. Nesse contexto, as ações educativas desenvolvidas posteriormente visaram o compartilhamento de informações sobre fatores de risco, sinais e sintomas, dieta, prática de atividade física e medicação, bem como, a coleta de valores pressóricos e glicêmicos. Os efeitos da intervenção foram satisfatórios, visto que novos questionamentos foram realizados obtendo-se respostas positivas. Segundo Figueiredo, o desconhecimento do portador sobre sua condição patológica é um fator importante para a não adesão ao tratamento e, consequentemente, para o agravamento da saúde. Nessa perspectiva, Miranda et al. (2002, p. 296) preconizam que os pacientes devem ser educados durante as consultas médicas e, sempre que possível, em grupos com assistência multiprofissional. Seguindo uma via de mão dupla, os benefícios da execução de projetos de extensão atingem também aos acadêmicos, pois favorecem a integração do conhecimento teórico e prático. Além do enriquecimento clínico, as vivências no âmbito da saúde pública estimulam a comunicação, a promoção e prevenção à saúde e a humanização, de modo a cumprir a exigência de uma formação integral do futuro profissional. CONCLUSÃO: A experiência foi bastante construtiva e mostrou que a atuação dos acadêmicos de medicina voltada para a promoção e prevenção de saúde por meio da interação universidade-comunidade contribuiu tanto para promover uma aprendizagem significativa sobre a importância do desenvolvimento de projetos de extensão, quanto para ampliação do conhecimento científico na perspectiva do cuidado integral e humanizado, o que permitiu o desenvolvimento de atitudes e habilidades para a prática de políticas públicas de saúde.
O Congresso Internacional Transdisciplinar & II Jornada Acadêmica de Medicina do IESVAP tem como principal objetivo promover a integração da comunidade acadêmica a fim de discutir as questões pertinentes à formação profissional, bem como promover a disseminação de conhecimento de uma forma plural com os diversos cursos que compõem as Ciências da Saúde e as Ciências Humanas, promovendo assim uma melhor reflexão para a ação consciente da prática profissional.
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