Desenvolvimento de neoplasias malignas associadas ao consumo abusivo de álcool
INTRODUÇÃO: O consumo excessivo e continuado de álcool implica aumento do risco para várias complicações de saúde. Além de doenças do fígado, problemas gastrointestinais, cardiovasculares, prejuízos cerebrais, imunológicos, ele apresenta grande influência no desenvolvimento dos mais variados tipos de câncer. O Etanol possui efeito cancerígeno sobre as células, portanto, ao adentrar no organismo, o mesmo pode passar a funcionar como um solvente, facilitando a entrada de outras substâncias cancerígenas. É importante salientar que isso não se restringe a um tipo específico de bebida alcoólica, mas sim a todas as bebidas que possuem quaisquer quantidades de álcool, ressaltando-se que para a prevenção do câncer não há níveis seguros de ingestão. E quando consumido junto com o tabaco aumenta ainda mais as chances do desenvolvimento da doença. Portanto, fica evidente a relação entre o consumo de bebidas alcoólicas e o desenvolvimento do câncer, e por se tratar de um fator externo, pode ser evitado pelas pessoas, principalmente aquelas que já tem uma pré-disposição genética da doença.OBJETIVO: Analisar e discorrer acerca da influência do etilismo no desenvolvimento dos variados tipos de câncer. MÉTODOS: Trata-se de uma revisão da literatura, para qual foram selecionados nos últimos 10 anos, após pesquisa na base de dados Pubmed por meio do Medical Subject Headings(MeSH), utilizando-se os descritores em Ciência da saúde (DECS): “Alcoolism”, “carcinogenesis” e “risk factores”. Além disso, foram utilizados também dados do Instituto Nacional de Câncer(INCA) e centro de informações sobre saúde e álcool(CISA) para compor a pesquisa.RESULTADOS E DISCUSSÃO: Através da análise da literatura, pode-se evidenciar que o consumo excessivo de álcool tem sido associado ao aumento do risco de desenvolvimento de vários tipos de câncer, incluindo-se tumores na cavidade oral, faringe, laringe, fígado e esôfago, câncer de colo de útero, mama feminina, cólon e reto, além de possivelmente provocar um aumento no risco de câncer de estômago, pâncreas, pulmão e vesícula biliar. Quanto aos potenciais mecanismos de oncogênese, não há consenso por parte da literatura, mas explica-se que ocorre, principalmente, pela ação do acetaldeído, primeiro e mais tóxico metabólito do etanol, considerado um agente causador de câncer. Também pode ser resultado da estimulação do etanol à carcinogênese pela inibição da metilação do DNA e interação com o metabolismo dos retinóides. A microbiota bacteriana também contribui para o metabolismo do álcool e pode mediar efeitos genotóxicos e promotores de doenças, em particular para o câncer colorretal, e também para os tumores da cavidade oral. O uso crônico do álcool pode diminuir o sistema imunológico, causar desequilíbrios na capacidade antioxidante do organismo, provocando estresse oxidativo e comprometendo a genética do indivíduo com superexpressão de oncogenes e subexpressão de genes supressores de tumor. Estudos indicam que o consumo de álcool seja responsável por 1,7% das mortes por câncer nos homens e 5,2% nas mulheres de todo o mundo. Dentre os casos, a prevalência do consumo abusivo de álcool (13,7% da população adulta brasileira), prevalece 3,3 vezes mais entre os homens (21,6%) quando comparado com as mulheres (6,6%), o que explica aumento da taxa de mortalidade por exemplo do câncer hepático no sexo masculino com 28,8%, enquanto no sexo feminino apenas 5,5%.CONCLUSÃO: Frente ao exposto, pode-se afirmar que o álcool é um dos principais preditores dos mais variados tipos de câncer, a exemplo do câncer de cavidade oral, estomacal, câncer de intestino, colorretal, fígado, podendo atingir também outros órgãos como vesícula biliar, pâncreas e pulmão. Por conta disso é preciso um olhar mais atento da população e dos profissionais, já que pode ser considerado um problema de saúde pública, devendo portanto ser traçadas estratégias para cessar ou diminuir o hábito de consumo.