Introdução: A Miastenia Gravis (MG) é uma doença neuromuscular autoimune na qual anticorpos são produzidos contra os receptores de acetilcolina, com danos à transmissão sináptica levando a fraqueza muscular, o principal sintoma clínico do distúrbio. A crise miastênica (CM), por sua vez, é caracterizada por fraqueza crítica dos músculos respiratórios que leva à insuficiência respiratória aguda e que requer ventilação mecânica. Embora associada a taxas de mortalidade de 50% a 80% na década de 1960, atualmente a CM é relatada como fatal em menos de 5% dos casos, como resultado do desenvolvimento de técnicas de terapia intensiva. Objetivo: Realizar uma síntese de evidências cientifica abordando o manejo intensivo de pacientes com CM. Métodos: Trata-se de uma revisão de literatura com abordagem qualitativa e quantitativa, sendo utilizada a base de dados Pubmed para compilação dos artigos. A estratégia de buscas aplicáveis para seleção dos artigos empregou seguintes palavras chaves, no idioma inglês: “Myasthenic crisis”, “intensive care” e como operador booleano aplicou-se o “AND”. Dessa maneira, foram selecionados 12 artigos com publicações nos anos de 2008 a 2019.Resultados: Os sintomas miastênicos na fase inicial usualmente afetam os músculos oculares extrínsecos, constantemente relacionados a queixa de ptose palpebral, visão borrada e diplopia e, após 2 a 3 anos, tende a se generalizar apresentando fraqueza cervical e de membros. A apresentação clínica inicial com insuficiência respiratória (crise miastênica) secundária a fraqueza diafragmática e de músculos respiratórios assessórios é incomum, correndo em apenas 15 a 20% dos casos. No que se refere aos exames relacionados à CM, o método mais resolutivo entre os disponíveis, é o estudo eletroneuromiográfico, o qual consiste em uma estimulação elétrica repetitiva e avalia pacientes com potencial disfunção da junção neuromuscular, com o clássico padrão decremental. Uma vez firmado diagnóstico de CM é recomendada a realização de uma imagem de alta resolução (tomografia computadorizada ou ressonância magnética) do tórax para investigar o aumento do volume do timo indicativo de timoma ou hiperplasia. Preconiza-se ainda a realização de exames laboratoriais incluindo hemograma, função renal e hepática, eletrólitos, velocidade de hemossedimentação, prova de função tireoidiana para buscar e/ou excluir doenças concomitantes associadas. No tocante aos cuidados, sugere-se sempre que possível à internação em leito de unidade de terapia intensiva neurológica, dada a gravidade do quadro e possibilidade de complicações clínicas. O tratamento específico preconizado inclui o uso de imunoglobulina humana (IgH) ou plasmaférese, com equivalência entre as duas terapias em termos de efetividade. O tratamento mais utilizado envolve o uso de IgH, pelo viés de disponibilidade, com poucos serviços que oferecem a possibilidade de plasmaférese. Em casos de complicação infecciosa grave como sepse ou de hipersensibilidade a IgH, é recomendada a realização de plasmaférese em detrimento da IgH. À luz do conhecimento científico atual a timectomia está indicada para pacientes com timoma, sendo discutível o benefício da realização deste procedimento em casos de paciente com hiperplasia tímica ou com timo normal. Conclusão: A CM é uma grave forma de apresentação clínica da MG e requer cuidados intensivos, dados os riscos de complicação clínica. O tratamento específico envolve imunoglobulina humana ou plasmaférese e a escolha entre as duas opções depende de um manejo individualizado. É importante que os profissionais de saúde, em particular no atendimento de urgência/emergência, estejam aptos a reconhecer e tratar adequadamente pacientes com CM.
O Congresso Internacional Transdisciplinar & II Jornada Acadêmica de Medicina do IESVAP tem como principal objetivo promover a integração da comunidade acadêmica a fim de discutir as questões pertinentes à formação profissional, bem como promover a disseminação de conhecimento de uma forma plural com os diversos cursos que compõem as Ciências da Saúde e as Ciências Humanas, promovendo assim uma melhor reflexão para a ação consciente da prática profissional.
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