INTRODUÇÃO:
Tendo em vista, os hábitos nocivos de vida preconizados por grande parte da população mundial, o diabetes se tornou uma epidemia global, possuindo os maiores índices epidemiológicos em países de economias emergentes, como o Brasil, que ocupa o 4º lugar no ranking dos países com maiores prevalências em indivíduos diabéticos (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2017).
O DM é uma síndrome que causa uma disfunção sérica de carboidratos, lipídios e proteínas, causando tanto a ausência de secreção de insulina como também a diminuição da sensibilidade dos tecidos a esse hormônio (GUYTON et al, 2011; KUMAR et al, 2016). Esse distúrbio metabólico frequentemente leva à gênese de complicações em variados sistemas corporais, sendo a sétima maior causa de inaptidão entre portadores em todo o mundo (NCD Risk Factor Collaboration, 2016), impondo um custo de R$ 463 milhões - relacionados às internações por condições diabéticas- ao tesouro nacional.
Dentre as complicações relacionadas ao DM, destaca-se a polineuropatia diabética (PND), que afeta aproximadamente metade dos pacientes diabéticos, sendo o principal fator causal no aparecimento de úlceras em membros inferiores (MMII), precedendo amputações em 85% dos casos (SOCIEDADE BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA, 2010). Com isso, a PND associa-se frequentemente ao prolongamento do tempo de internação, invalidez e elevação dos índices de mortalidade associados a essa condição.
Dessa forma, o presente estudo buscou quantificar as admissões de pacientes no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), cidade de Parnaíba-PI, em decorrência de repercussões sintomatológicas ligadas a PND, definindo o perfil epidemiológico mais comum, identificando também, o desfecho do tratamento.
OBJETIVOS:
Analisar, através de prontuários médicos de pacientes admitidos na UTI do Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (HEDA), nos anos de 2016 até o mês de Março do ano 2019, em virtude de condições relacionadas à Polineuropatia Diabética. O trabalho busca através dos dados coletados, quantificar e determinar o perfil epidemiológico mais prevalente nessas condições, destacando-se a idade, sexo, procedência e motivo de saída de cada paciente da referida instituição.
METODOLOGIA:
Trata-se de um estudo observacional, analítico, descritivo, retrospectivo sobre as internações relacionadas à PND e suas complicações tratadas na UTI do HEDA no período de 2016 a Maio de 2019. Os critérios de inclusão dessa amostra foram os prontuários de pacientes com DM que contenham informações como idade, sexo, procedência e desfecho do tratamento. Os critérios de exclusão englobaram os prontuários fora desse período temporal e os prontuários não relacionados à PND. De posse das informações obtidas, será realizada uma análise descritiva qualitativa, com tabelas para a determinação do perfil sociodemográfico predominante.
RESULTADOS E DISCUSSÃO:
O resultado do presente estudo obteve um total de 36 casos de amputação de MMII, que foram agrupados por ano de internações, de 2016 até março de 2019, classificados de acordo com sexo, idade, naturalidade, período de internação, motivo de saída e as comorbidades. Desse modo, nota-se um alto número de casos por amputação de MMII em pacientes diabéticos na UTI do HEDA.
De acordo com os critérios de inclusão e exclusão, foi possível selecionar 36 prontuários, com procedimentos descritos como amputação de MMII. A partir desses casos, foi possível identificar que uma discreta maioria dos pacientes é do sexo masculino, com 58,3% e 41,7% do sexo feminino, com uma média de idade de 70,52 anos. A principal comorbidade associada ao DM foi a Hipertensão Arterial Sistêmica (HAS), sendo presente em 38,8% dos casos.
Dentre os critérios avaliados nos prontuários, uma importante ressalva, foram os motivos de saída da internação, que dos pacientes admitidos durante o período analisado 52,7% obtiveram alta melhorada, 38,8% vieram ao óbito, e 8,3% por outras causas. O ano de 2018 destacou-se por um maior número de amputações de MMII, com 47,2% dos pacientes, comparado com 2016, 2017 e 2019 que obtiveram 8,33%, 36,1% e 8,33% respectivamente. Esse ano é o único com outro tipo presente de Diabetes referenciada, com 94,1% dos casos relacionados ao DM2 e 5,9% com diabetes do tipo Latente Autoimune do Adulto (LADA).
CONCLUSÃO:
A partir da análise dos dados, conclui-se que, apesar das estratégias de saúde federais, ainda há erros de manejo e diagnóstico de PND com formações de úlceras. A falha pode estar localizada na atenção primária, uma vez que ela é responsável pelo acompanhamento contínuo dos pacientes diabéticos, através de programas como HIPERDIA, com vistas a identificar precocemente indícios de descompensação. Diante disso, se faz necessário um maior enfoque na PND nas Unidades Básicas de Sáude , capacitando não só médicos e enfermeiros para o rastreio eficaz dessa condição ,como também pacientes , com o intuito de reduzir as taxas epidemiológicas associadas a essa complicação.
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