INTRODUÇÃO: O Brasil possui escolas médicas em todas as suas regiões, um fato comum em muitas delas refere-se ao aparecimento de sintomas depressivos nos acadêmicos. Tal verdade leva a reflexão sobre quais acontecimentos podem predispor o estudante de medicina a manifestar características depressivas. OBJETIVO: Obter informações sobre as ocorrências que mais alteram o bem-estar do acadêmico de medicina. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo de pesquisa descritiva-explicativa com abordagem qualitativa, onde utilizamos a plataforma digital Google Forms para criar um questionário em que elencamos 27 perguntas, variando entre questões escritas e de múltipla escolha, tendo como meta coletar informações de cunho fisiológico e psicológico da amostra, com ênfase na relação: saúde mental e a vida acadêmica. As variáveis sócias demográficas utilizadas correspondem a idade, moradia, transporte, lazer e alimentação; enquanto as educacionais enfocadas foram período letivo, formação acadêmica e rendimento universitário. Na segunda etapa, foi aplicado o questionário impresso em sala de aula de forma anônima para os alunos do 1º ao 6º período, do Curso de Medicina, de uma determinada Instituição de Nível Superior, no mês de agosto de 2018. A terceira etapa consistiu na análise dos dados obtidos pelo questionário, os quais alimentaram a plataforma do Google Forms, em seguida o software do programa realizou a conferência e contagem de todas as respostas fornecendo o resultado em forma gráfica. RESULTADOS: Foram analisados 192 acadêmicos de medicina com idades entre 17 e 44 anos, com média aproximada de 21 anos e cursam do 1º ao 6º período. Dentre os entrevistados, 40,6% disseram sentir-se constantemente sobrecarregados com as responsabilidades acadêmicas, 53,1% sente-se sobrecarregado as vezes e apenas 6% não sente sobrecarga. Além disso, 75% dos estudantes sentem cansaço extremo constantemente ou com frequência. Em seguida, quase 40% afirmou não conseguir conciliar sua vida pessoal com a vida acadêmica tendo que abdicar de necessidades em detrimentos dos deveres da universidade, 93,7% deles afirmaram realizarem essa substituição de necessidades pessoais por deveres. Ademais, 84,9% sentiu tristeza ao ter que deixar de fazer o que queria para cumprir os afazeres da medicina, outros 15% não referiu esse sentimento diante do quadro. Sobre percepção própria de saúde psicológica dos alunos temos que 51% deles diz não ser saudável ou não saber se é psicologicamente sadio. Cento e cinquenta dos 192 entrevistados viveu um momento triste e ficou sem vontade de realizar atividades diárias sem saber a causa aparente, e 155 deles não procurou ajuda profissional para solucionar esse problema. Optaram por realizar diversas atividades para ocupar o tempo, dentro eles, dormir, chorar, escutar música, falar com amigos e famílias foram as mais citadas. Apesar de 54,7% dos estudantes não acharem que suas ideias são inferiores aos seus colegas, 62,5% acham que estudam muito e não conseguem atingir notas satisfatórias. Cento e onze alunos afirmaram se sentirem isolados, 87,5% sentem-se ansiosos no dia a dia, 93,2% conhecem alguém com quadro ansioso e 87% relatou conhecer pessoas com sintomatologia depressiva. O número de entrevistados que afirmou ter cometido ato de renúncia a vida foi de 10,4%, um total de 20 estudantes. CONCLUSÃO: O estudo mostra que há nítida influência da carga horário do curso de medicina sobre o bem-estar dos estudantes. Evidenciou-se na análise dos questionários que a responsabilidade acadêmica exercida pelo curso de medicina pode ser um fator predisponente para sintomas maléficos à saúde. Assim como a proximidade física ou não da família, amigos e a autoestima elevada podem ser relacionados ao bem-estar psicológico e físico.
O Congresso Internacional Transdisciplinar & II Jornada Acadêmica de Medicina do IESVAP tem como principal objetivo promover a integração da comunidade acadêmica a fim de discutir as questões pertinentes à formação profissional, bem como promover a disseminação de conhecimento de uma forma plural com os diversos cursos que compõem as Ciências da Saúde e as Ciências Humanas, promovendo assim uma melhor reflexão para a ação consciente da prática profissional.
Comissão Organizadora
Vanessa Cristina de Castro Aragão Oliveira
Elder Bontempo Teixeira
Christiane Melo Silva Bontempo
Luan Kelves Miranda de Souza
Comissão Científica
FAHESP/IESVAP
(86) 3322 7314