INTRODUÇÃO: De acordo com um levantamento realizado pelo Datafolha, nos últimos 12 meses 1,6 milhão de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa de estrangulamento, enquanto 22 milhões de brasileiras passaram por algum tipo de assédio. Esses dados são reflexos de uma sociedade histórica que coloca constantemente a figura feminina em desvantagem social, como exemplo apenas em 1962 as mulheres tiveram acesso ao mercado de trabalho; em 1977, a opção de divórcio, que até então era exclusivamente masculina; e apenas em 1988 homens e mulheres com os mesmos direitos, pelo menos de acordo com a Constituição Federal. Contudo, apenas em 2006 foi aprovada a lei Maria da Penha, que prevê auxílio e proteção para mulheres vítimas de violência doméstica. A forma com a qual as relações de gênero foram pautadas ao longo da história justifica os atuais dados sobre violência doméstica, considerando a posição submissa a qual o público feminino foi imposto em todas as esferas sociais. Além disso, é importante reafirmar que as formas de violência podem ser diversas, como a psicológica, sexual, patrimonial e moral, sendo também tão prejudiciais à condição de saúde da vítima quanto a violência física. Por isso, a importância de trabalhar a violência de gênero junto à população, principalmente na atenção básica, esclarecendo sobre situações que caracterizam essas condições. OBJETIVO: Relatar as percepções de acadêmicos de medicina da Faculdade de Ciências Humanas, Exatas e da Saúde do Piauí/ Instituto de Educação Superior do Vale do Parnaíba (FAHESP/IESVAP) em uma ação de promoção à saúde sobre violência doméstica em uma unidade básica de saúde (UBS) do município de Parnaíba, Piauí. MÉTODOS: Trata-se de um estudo descritivo, do tipo relato de experiência. A atividade descrita foi realizada no dia 13 de setembro de 2019 durante uma aula prática do módulo de Integração Ensino Serviço Comunidade IV. A atividade tinha como público alvo os usuários da UBS, no entanto a adesão feminina foi unânime. Desse modo, a atividade foi realizada por meio de uma conversa entre os acadêmicos e as mulheres presentes. Inicialmente, foram evidenciados dados recentes sobre o quadro de violência de gênero no Brasil e depois relatos pessoais sobre a temática, por fim foi reforçada a importância da denúncia e como proceder nesses casos. ANÁLISE CRÍTICA: A atividade demonstrou a necessidade de abordar a violência doméstica na comunidade, tendo em vista que a adesão das mulheres presentes foi satisfatória. Além disso, a participação e interesse no tema proposto também foram evidentes, com a ação, foram expressas vivências particulares que passaram por processo de superação, podendo assim demonstrar a todas as mulheres presentes que a denúncia é a melhor opção apesar do medo de represálias, seja por parte do agressor, seja pelo convívio social. No momento foram elencadas também atitudes cotidianas que impulsionam essas violências, a forma como a educação masculina é pautada, desde incentivos a práticas hostis até repressão sentimental que são naturalizados de forma errônea. Portanto, foi conversado também como, na prática, poderíamos modificar essa realidade, seja a longo ou em curto prazo, para inicio a denúncia deve ser sempre incentivada, apesar do medo, e deve ser feita por todos, pois a violência doméstica é uma responsabilidade social. Além disso, constantemente deve-se trabalhar na escola, na UBS e na família a ruptura de hábitos machistas e misóginos que impulsionam essas práticas violentas. Para tanto, intervenções sociais como essa podem ser incentivadas e assim resultarão em relevantes mudanças sociais. CONCLUSÃO: A ação evidenciou a importância de trabalhar essa temática na atenção básica, ouvindo as experiências de vida da comunidade e agindo em conjunto para a resolução dessa problemática. Além do mais, o assunto também deve ser reforçado ao público masculino, a considerar que a adesão desse grupo foi nula e a sua percepção é fundamental para romper com os paradigmas que sustentam essas praticas violentas. Ademais, formar profissionais sensíveis à questão e capazes de intervir da devida forma torna-se fundamental.
O Congresso Internacional Transdisciplinar & II Jornada Acadêmica de Medicina do IESVAP tem como principal objetivo promover a integração da comunidade acadêmica a fim de discutir as questões pertinentes à formação profissional, bem como promover a disseminação de conhecimento de uma forma plural com os diversos cursos que compõem as Ciências da Saúde e as Ciências Humanas, promovendo assim uma melhor reflexão para a ação consciente da prática profissional.
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