Introdução: Diante da emergência de saúde da COVID-19 em que 50% dos não sobreviventes tiveram coinfecções, medidas para controlar o quadro infeccioso e evitar infecções secundárias foram adotadas. A antibioticoterapia empírica tornou-se comum, muitas vezes indiscriminada e sem prescrição médica. Objetivo: Pretende-se, por meio deste estudo, avaliar os efeitos da pandemia da COVID-19 na farmacorresistência bacteriana, de modo prospectivo, para entender as consequências da antibioticoterapia em um cenário pós- pandêmico. Método: Este trabalho trata-se de uma revisão sistemática da literatura, de caráter analítico-descritiva, realizada a partir da consulta às bases de dados PubMed, Scielo e Biblioteca Virtual em Saúde, nas quais, com o uso dos descritores em saúde “Bacterial drug resistance” e “Coronavirus infection”, com o operador booleano “AND”, encontraram-se 120 artigos, dos quais 16 foram selecionados. Nesse sentido, os fatores de inclusão foram: período entre 2019 e 2021, delimitação temática conforme o objetivo deste estudo, idioma (inglês ou português). Foram excluídos, contudo, os artigos não publicados e cuja abordagem tangencia o tema central deste trabalho. Resultados: Medidas profiláticas para pacientes com COVID-19 influenciaram a administração empírica demasiada de antibióticos, como fluoroquinolonas, cefalosporinas, carbapenêmicos, azitromicina e vancomicina. Cerca de 72% dos pacientes com COVID-19 receberam antibióticos de amplo espectro em hospitais ou ambulatórios. A antibioticoterapia deveria ser restrita a casos graves e infecções bacterianas secundárias confirmadas. O uso indiscriminado seleciona bactérias resistentes, como Pseudomonas aeruginosa, Enterobacteriaceae carbapenemase positiva e Acinetobacter baumannii. A terapia antimicrobiana empírica deve ser revista após 48-72 horas, pois o uso persistente aumenta a resistência, limitando os potenciais benefícios à saúde e causando aumento na mortalidade quando há infecção por essas bactérias. Conclusão: O uso desregulado e elevado de antimicrobianos durante a pandemia da COVID-19 contribui para o surgimento de cepas multirresistentes. Assim, a criação de protocolos para reduzir a utilização é importante para amenizar problemas futuros relacionados à eficácia dos antimicrobianos.
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