INTRODUÇÃO: A mortalidade materna (MM) é taxa indicadora da qualidade do sistema salutar de um país. Até 2019, o Brasil a reduziu em 8% ao aproximar-se das metas propostas pela OMS. Porém, houve reversão progressiva dessa taxa desde 2020, evidenciando problemas de acessibilidade na falha de assistência básica. OBJETIVO: Elucidar as possíveis causas do aumento do óbito materno no Brasil durante a pandemia (2020-2021). MÉTODO: Foi realizada uma Scope Review, com seleção de artigos nas bases de dados eletrônicos PubMed e Scielo, utilizando os descritores: "Health System", "Health Indicators" e “Maternal Mortality”. Para seleção dos artigos, cumpriram-se os critérios: ano de publicação entre 2020 e 2021, conteúdo abrangido pelo artigo e inglês como idioma. Além de notícias nos sites oficiais e boletins informativos da OMS e do Ministério da Saúde sobre o tema. RESULTADOS: O aumento de óbitos semanais da população geral com a pandemia em 2021 foi de 61% ao comparar com 2019. Porém, o aumento comparativo foi desproporcional, de mais de 145% na mesma cronologia, para mulheres no período gravídico-puerperal (PGP). Assim, causas indiretas sobressaíram-se, como acesso dificultado à internação em UTI, responsável por mais de 20% dos óbitos das que receberam diagnóstico positivo para COVID-19, e cerca de 30% não foram intubadas e evoluíram para insuficiência respiratória e óbito. Historicamente, o surto viral H1N1 em 2009 no Brasil foi também responsável pelo aumento da MM por causas obstétricas indiretas. Apesar de se saber da necessidade de reorganização do sistema público de saúde para ampliar acesso e acolhimento dessas mulheres, o colapso não foi evitado. CONCLUSÃO: Evidencia-se a relação entre um sistema de saúde colapsado e maiores taxas de MM por causas obstétricas indiretas relacionadas à pandemia de SARS-COV-2. Assim, a vigilância sobre o manejo organizacional e assistência a mulheres no PGP é urgente para reversão desse cenário.