INTRODUÇÃO: O uso racional de antimicrobianos é essencial no controle da resistência microbiana e requer perícia na escolha do fármaco, dose, posologia, tempo de uso e custos. Seu uso irracional, há anos, já apontava para uma era pós-antibiótica considerada como uma pandemia invisível, antes mesmo da COVID-19. OBJETIVO: Analisar duas crises de saúde pública, em que a pandemia da COVID-19 exerceria o papel de agravar a resistência microbiana, a partir do uso precoce e irracional de antimicrobianos, na prerrogativa de salvar vidas, impedir coinfecções e até mesmo atenuar o quadro pneumônico causado pelo SARS-CoV-2. MÉTODO: Com o uso das plataformas Google Acadêmico e ScienceDirect foi feita uma busca de artigos que contemplassem as palavras chaves: antibióticos, COVID-19 e resistência antimicrobiana. Os artigos mais recentes, datados de 2020 e 2021, foram selecionados, observada relevância metodológica aplicada. Para construir a presente revisão narrativa incluiu-se na pesquisa três estudos de coorte, além de duas revisões bibliográficas que foram determinantes para compor o texto. Não houve predileção por idioma na busca, assim, serviu-se de publicações encontradas na “The Brazilian Journaul of Infectious Diseases”, “Brazilian Journal of Health and Pharmacy”, “The Lancet” e “JAMA Network”. RESULTADOS: Na pandemia da Covid-19, os antimicrobianos têm sido amplamente utilizados por médicos e pela população, tanto para profilaxia ou para terapêutica. A falta de um tratamento específico, a insegurança advinda de fake News e a sensação de medo deu espaço para que estudos incipientes guiasse tal prática. A sobrecarga de trabalho tem contribuído para que médicos prescrevam antibióticos mais precocemente, mesmo sendo rara uma coinfecção bacteriana na admissão hospitalar, o que coopera para o tempo de internação e aumento do espectro do antibiótico em casos mais graves. Mesmo após a primeira onda pandêmica e a disponibilização de estudos de qualidade mais robustos, a mudança de comportamento no sentido de racionalizar a antibioticoterapia é muito discreta e, consequentemente, preocupante. CONCLUSÃO: A falta de tratamento para a COVID-19 associado a insegurança popular pode ter influenciado no uso precoce, indiscriminado e no aumento do espectro de antibióticos. A emergência em mitigar mortalidade vem seguida da urgência do gerenciamento do uso de antimicrobianos, inclusive no pós-pandemia.
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