INTRODUÇÃO: A Hanseníase é uma doença infecciosa altamente incapacitante e negligenciada. O Brasil é o segundo país do mundo com maiores registros de casos e apresenta regiões endêmicas, como o estado de Goiás. Analisar possíveis mudanças nas internações por essa doença é de grande importância epidemiológica. OBJETIVO: Avaliar o impacto da pandemia de COVID-19 nas internações por Hanseníase em Goiânia entre os anos de 2018 e 2020. MÉTODO: Estudo analítico do tipo ecológico. Foram coletados dados relativos às internações hospitalares mensais por Hanseníase e sequelas da Hanseníase entre os anos de 2018 e 2020 em Goiânia no DataSUS. Calcularam-se as taxas de internação mensais por 100.000 habitantes e seus respectivos logaritmos, e foram exportadas para o programa STATA para a análise de regressão de Prais-Winsten. Foram utilizados o p-valor, valor de beta e taxa de incremento médio mensal para definir a tendência da série temporal. O nível de significância adotado foi de 5%. Por fim, compararam-se os valores encontrados para os períodos de janeiro de 2018 a dezembro 2020 e de janeiro a dezembro de 2020. RESULTADOS: Em janeiro de 2018, a taxa de internação por Hanseníase no município de Goiânia foi de 0,875 a cada 100.000 habitantes. Em janeiro de 2019, esse valor foi 0,597. Em 2020, essa taxa foi de 0,917. O p-valor obtido na análise temporal dos três anos foi estatisticamente não significativo, de 0,067 e indica tendência estacionária. Todavia, a fim de avaliar problemas de flutuações na série temporal, a análise estatística foi realizada apenas para o ano de 2020. O resultado foi um p-valor estatisticamente significativo de 0,017. O valor de beta foi de -0,037 e revela tendência decrescente. A taxa de incremento médio mensal apresentou redução de 0,082% ao mês. CONCLUSÃO: A queda nos atendimentos ambulatoriais, possível redução na identificação de casos graves, menor procura por atendimento médico, além da diminuição de leitos disponíveis durante a pandemia de COVID-19 podem justificar a redução das taxas de internação por hanseníase em 2020.