Introdução: O adenocarcinoma ductal pancreático (ADP) é a forma mais comum das neoplasias pancreáticas, sendo caracterizada por mutações nas células dos ductos pancreáticos principal e secundário. Em geral, pacientes afetados tem sobrevida média de apenas um ano após o tratamento quimioterápico convencional. Objetivo: Vários ligantes dos receptores canabinoides (CBs) estão sendo usados em ensaios com resultados promissores na progressão tumoral de alguns tipos de cânceres. Logo, devido ao histórico favorável já preexistente, o presente estudo tem como objetivo avaliar se os CBs estão associados à supressão do ADP. Método: Trata-se de uma revisão integrativa de estudos, coletados nas bases: MEDLINE, ScienceDirect e LILACS; utilizando os descritores: ‘’Adenocarcinoma’’, ‘’Antineoplastic Agents’’, ‘’Carcinoma, Pancreatic Ductal’’, ‘’Pancreatic Neoplasms’’, ‘’Receptor, Cannabinoid, CB1’’ e ‘’Receptor, Cannabinoid, CB2’. Foram incluídos estudos no idioma inglês e português, disponíveis na íntegra, realizados entre 2013 e 2020. Literaturas destoantes da temática abordada e com repetição entre as plataformas foram excluídos. Após a realização dos processos metodológicos de identificação, triagem e elegibilidade dos estudos, pôde-se estratificar e reunir as principais informações sobre o ADP associado aos CBs 1 e 2. Resultados: As linhas celulares do ADP apresentam uma elevada expressão de CB1 e CB2. Diferentes estudos avaliaram, in vitro e/ou in vivo, canabinoides sintéticos (i.e., ACPA e GW) e observou-se a indução de autofagia das células tumorais, via geração de ROS (Espécies Reativas de Oxigênio). Houve também redução do crescimento tumoral e indução de apoptose, mediado pelo acúmulo de caramidas e estresse no retículo endoplasmático, conforme demonstrado pelo aumento da expressão da proteína p8 regulada por estresse. Além disso, houve alterações significativas nos níveis de metabólitos essenciais para a via glicolítica, como a enzima gliceraldeído-3-fosfato desidrogenase. Após o tratamento por 12 horas com ACPA e GW, a enzima deslocou-se para o núcleo da célula, intervindo, também, na autofagia. Conclusão: Em suma, é notório que os ligantes dos CBs possuem um efeito antineoplásico no carcinoma de pâncreas. Embora mais estudos sejam necessários, a apresentação destas evidências pode representar novas perspectivas na pesquisa da farmacologia canábica, contribuindo para avanços no tratamento do ADP.