PERFIL EPIDEMIOLÓGICO DAS NOTIFICAÇÕES POR LESÕES AUTOPROVOCADAS NO ESTADO DE MATO GROSSO ENTRE 2011 E 2020. Introdução: As lesões autoprovocadas são caracterizadas pela violência que uma pessoa causa em si mesma; podem ser subdivididas em automutilação e comportamento suicida. No Brasil, durante 2011 a 2016 houve 176.226 notificações; no mundo, somente o suicídio afeta cerca de 800 mil pessoas por ano. Ressalta-se que todo contexto biopsicossocial do indivíduo pode estar relacionado às lesões autoprovocadas como faixa etária, condições socioeconômicas, etnia, contexto global, cultura e condições clínicas. Objetivo: Traçar o perfil epidemiológico das notificações por lesões autoprovocadas, no período de 2011 a 2020, no estado de Mato Grosso. Metodologia: Estudo descritivo e quantitativo através de dados públicos secundários do Sistema de Notificação de Informação de Agravos (SINAN), disponíveis no sistema de informação da Secretaria de Estado de Saúde de Mato Grosso (DwWeb/SES-MT). Para a construção do banco de dados foi utilizado o programa Excel e para cálculo de medidas absolutas e frequências, o programa EPI INFO 7. Resultados e Discussão: A maior proporção de notificações foi de 2016 a 2020 (85,74%), mostrando notável aumento das notificações nos últimos cinco anos; porém, o índice de não notificação mundialmente ainda é alto. Indivíduos negros são a maioria (57,38%), contrastando com dados nacionais, que registrou a população branca como tal; isso pode ter relação com a distinção e exclusão baseada pela raça que essa população sofre em diferentes contextos. Além disso, são maiores as taxas em indivíduos na faixa etária de 20 a 29 anos (31,19%), com ensino médio completo ou incompleto (33,17%), em sua residência ou habitação coletiva (86,36%), moradores da zona urbana ou periurbana (91,17%), utilizando como meio o envenenamento (51,21%), e que não faziam uso de álcool no momento da ocorrência (55,61%). Como a população economicamente ativa é majoritária, esta pode ter como gatilho pressões sociais inerentes à sociedade capitalista; em consonância, tem-se o fato que grande parte apresenta menor quantidade de anos de estudo, o que corrobora com menores oportunidades de trabalho. Ademais, o abuso de álcool, presente em 14,86% dos casos, devido ao prejuízo no autocontrole, pode facilitar tentativas de suicídio em pessoas que já apresentam predisposição, inclusive através de meios mais fatais. A maior notificação de mulheres (65,09%) concorda com os dados nacionais, e está relacionada a questões de igualdade de gêneros, sobrecarga de responsabilidades, desigualdades socioeconômicas e violências; porém, nesse grupo o pico de ocorrência está entre as idades de 10 a 19 anos (31,85%), fato que mostra que a pré-adolescência/adolescência merece destaque e pode estar associada a situações de bullying pelos pares. Por fim, 30,74% dos pacientes afirmaram que possuem algum tipo de deficiência/transtorno; destaca-se que a vulnerabilidade de condições físicas e de saúde mental é um notável fator de risco para as lesões autoprovocadas. Conclusão: É imprescindível a capacitação para descoberta de indícios de autolesões em todos os níveis da sociedade, possibilitando evitar agravos. Além disso, políticas públicas precisam ser ampliadas, juntamente com o acompanhamento eficaz desses indivíduos. Palavras-chave: Comportamento Autodestrutivo; Tentativa de Suicídio; Epidemiologia.
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