INTRODUÇÃO: A acupuntura (ACT) representa um componente chave da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), têm-se registros dessa técnica que datam de até 3000 anos na China. A prática consiste na aplicação de agulhas na pele em locais específicos, os acupontos, com características anatomofisiológicas únicas, cuja resposta terapêutica relaciona-se intrinsecamente com a anatomia dos pontos. A ACT mostra-se eficaz no controle de diversas doenças por meio da modulação dos processos inflamatórios, bem como da expressão gênica de fatores relacionados ao mau prognóstico, além das ações analgésicas. Nesse sentido, pesquisas evidenciam uma importante ação terapêutica na sepse e apresentam mecanismos sinérgicos na COVID-19, estabelecendo um panorama promissor em seu tratamento. OBJETIVO: Revisar de forma integrativa os novos estudos acerca dos efeitos terapêuticos da ACT na modulação dos processos inflamatórios, sobretudo os que contribuem de forma direta para a resolução das complicações da COVID-19. MÉTODO: Trata-se de uma revisão bibliográfica na base de dados PubMed, de estudos publicados nos últimos 20 anos. Foram realizadas duas pesquisas com os seguintes descritores, respectivamente: “acupuncture and inflammation”, com 852 resultados encontrados, e “acupuncture and coronavirus infections”, com 66 resultados. Após a aplicação dos critérios de inclusão (estudos originais com dados primários, disponíveis na íntegra eletronicamente, em inglês e português, publicados desde 2001 e que estabeleceram uma relação direta entre os descritores em saúde), seleção por título e exclusão por resumo, foram lidos 23 artigos na íntegra. Desses, 11 se adequaram aos objetivos da presente revisão bibliográfica. RESULTADOS: A ACT demonstrou modular positivamente os processos inflamatórios, suprimindo citocinas como IL-6, IL-1? e TNF-?, ativando a via anti-inflamatória através do aumento de IL-10 e de agonistas de CBR2, promovendo imunomodulação e regulando a função do sistema nervoso. Analogamente, a ACT atua na inibição do inflamassoma NLRP3, por meio do aumento da produção de dopamina, e desencadeia um importante efeito analgésico estimulado por uma maior síntese de beta-endorfina. Ela também pode atenuar a expressão gênica de fatores ligados a um mau prognóstico, como os genes BDKRB1 (codificador da bradicinina em quadros pró-inflamatórios) e ADCY5 (estimulador da produção de tecido adiposo na obesidade). Além disso, a estimulação por eletroacupuntura (EA) consegue ativar vias simpáticas distintas de maneiras dependentes da somatotopia e da intensidade do estímulo, melhorando a eficácia e a segurança no uso da ACT para modular a inflamação sistêmica. Por fim, o tratamento por moxabustão, técnica baseada no aquecimento dos acupontos, nos pontos B13 e B43 controlou os níveis de TGF-? e IFN-?, com redução da inflamação e controle da fibrose pulmonares, gerando o mesmo efeito da prednisona, além de regular a resposta linfocitária Th1/Th2. CONCLUSÃO: Os resultados clínicos condizem com os mecanismos anti-inflamatórios, imunorregulatórios e neuromoduladores do tratamento com ACT, reforçando a recomendação da OMS para diversas doenças, estabelecendo a importância de sua inserção clínica e potencializando a terapêutica atualmente preconizada para a COVID-19.
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