Introdução: Em 2022, mais de 20 mil brasileiras apresentaram lesões intraepteliais de alto grau (LIAG) na análise da citologia do colo de útero. A principal causa de surgimento dessas lesões é a infecção persistente por tipos oncogênicos do papilomavírus humano (HPV). No Brasil, a citologia oncótica ou exame de Papanicolau é o método de rastreio para o câncer de colo de útero (CCU), contudo, devido às consistentes correlações entre os genótipos do HPV e a presença de CCU, já é discutida a inserção de testes moleculares junto ao rastreio tradicional preconizado pelas diretrizes nacionais. Objetivos: Sumarizar as discussões quanto aos métodos biomoleculares para rastreio de HPV, seus genótipos e sua importância para detecção precoce de CCU. Métodos: Foram buscados artigos disponíveis na íntegra nas bases Scielo, Lilacs e PubMed, em inglês, português e espanhol, com descritores extraídos do Decs “Diagnóstico molecular”, “Teste Molecular”, “Câncer de Colo Uterino”, “Neoplasias do Colo do Útero” e “Prevenção”, sendo excluídos aqueles que não se adequavam ao tema, a partir da leitura do título e resumo, totalizando-se 36 trabalhos. Resultados: A solicitação de testes baseados no DNA para detecção do HPV já é uma realidade em países da Europa, no Brasil, possui recomendação desde 2018, constituindo um importante coteste para estratificação do risco de pacientes positivas, com variados graus de lesões, sendo um importante preditor para necessidade de aderência ao acompanhamento, ou ainda com células escamosas de significado indeterminado (ASC-US), onde, em 50,6% dos casos, foi detectado o HPV tipo oncogênico 16. A técnica de Reação em cadeia da polimerase (PCR) confere maior sensibilidade na detecção de oncogenótipos e diagnósticos precoces de CCU em comparação com a Captura híbrida ou citologia isolada, configurando-se ainda como uma estratégia para reduzir o intervalo de aguardo pela colposcopia diagnóstica. Conclusões: Testes de screening com citologia e DNA-HPV como aliados possibilitam diagnóstico precoce e assertivo de CCU, contudo ainda são inviáveis financeiramente para implantação no SUS em função de seu valor, necessitando-se de políticas públicas para barateamento e rastreio em massa.
Comissão Científica
Velber Xavier Nascimento
Laércio Fachin
Axel Helmut Rulf Cofré
Renata Chequeller de Almeida