A utilização de produtos naturais como método terapêutico tem sido relatada há milhares de anos e foi a base do desenvolvimento dos fármacos. Atualmente, há grande interesse científicos nos polifenóis, um grupo heterogêneo de substâncias fitoquímicas que apresentam grande variedade estrutural e diversas propriedades biológicas. Dentre seus principais benefícios destacam-se ação cardioprotetora, modulação da resposta inflamatória, efeito anti-envelhecimento, além da melhora na cognição, memória e aprendizagem. Acredita-se que tais efeitos biológicos estejam relacionados ao potencial antioxidante que apresentam, pois sequestram espécies reativas de oxigênio e nitrogênio, além de quelar metais envolvidos na geração de radicais livres. Os compostos fenólicos podem ser consumidos in natura, sob a forma de chás e preparações ou serem submetidos a formulações. Dentre as plantas medicinais utilizadas pela população está a Cordia salicifolia (sinonímia Cordia ecalyculata), popularmente conhecida como porangaba e muito consumida como suplemento alimentar e em dietas para emagrecimento. Atualmente, sabe-se que o sobrepeso e a obesidade são condições multifatoriais relacionadas ao desenvolvimento do estresse oxidativo e contribuem para o aparecimento de outras comorbidades. Esse estudo objetivou quantificar compostos fenólicos totais e grupos fitoquímicos de duas preparações de C. salicifolia, além de avaliar a capacidade antioxidante e identificar a espécie radicalar sequestrada. As folhas de porangaba foram submetidas a infusão em água e maceração em álcool etílico para obtenção dos extratos aquoso (EA) e etanólico (EE), respectivamente. A quantificação de fenóis totais e de grupos fitoquímicos funcionais (taninos, flavonóis e flavonas, flavanonas) foi realizada por espectrofotometria. A atividade antioxidante dos extratos foi determinada pela técnica do DPPH e a capacidade de neutralização das espécies reativas •OH, H2O2 e NO foi avaliada por ensaios enzimáticos e/ou colorimétricos. Os resultados mostraram que o método de infusão apresentou maior eficiência na extração de compostos fenólicos totais, sendo verificada quantidades maiores de taninos, flavonol e flavonas no EA em comparação ao EE, no entanto, nesta preparação foi evidenciado maior conteúdo de flavanonas. Ambos extratos possuem potencial antioxidante, sendo o EA mais eficaz em sequestrar NO, •OH e H2O2, resultado que pode estar relacionado ao maior conteúdo de polifenóis presentes nesta preparação. Considerando o uso etnofarmacológico e a capacidade antioxidante da porangaba, a utilização do EA para redução ponderal é promissora, visto que pode minimizar os efeitos deletérios do estresse oxidativo relacionado à obesidade. Além disso, o chá (EA) é a forma mais comum de consumo de plantas medicinais, facilitando a adesão dos pacientes ao tratamento com C. salicifolia.
Os trabalhos aprovados pela Comissão Científica do I CONQSFAR constituem a presente publicação, ‘Anais do I Congresso de Química aplicada a Saúde e Farmácia’.
Com esta publicação, esperamos contribuir para o fomento do conhecimento científico divulgando pesquisas que venham ao encontro dos desafios e inovações da Química voltadas à Saúde e das Ciências Farmacêuticas.
Comissão Organizadora
Louhana Moreira Rebouças
Emília Maria Alves Santos
Thiago Moreira Melo
Breno Araújo Barbosa
Comissão Científica
Louhana Moreira Rebouças
Emília Maria Alves Santos
Maria do Socorro Pinheiro da Silva
Francisco Maurício Sales Cysne Filho
Pedro Miguel Cruz Sales
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