INTRODUÇÃO: O uso dos anabolizantes esteroides atualmente vai muito além da reposição hormonal de testosterona. Os EAA (esteroides anabólicos androgênicos) possuem efeitos anabólicos e androgênicos e é utilizado por alguns atletas para aumento de performance, mas também por não atletas por motivos estéticos na construção de um corpo musculoso. Dessa forma, o uso dos anabolizantes esteroides tem sido utilizado como um suporte para alcançar, de forma rápida, a estética do corpo desejado. No entanto, a utilização abusiva dos EAA a longo prazo está diretamente relacionada com desfechos cardiovasculares como distúrbios ventriculares, insuficiência cardíaca, hipertensão, arritmias, entre outros (DOLEEB et al., 2019). O uso de EAA para fins estéticos e esportivo foi declarado proibido pelo Conselho Federal de Medicina em 2023, podendo ser utilizado apenas em casos específicos, com prescrição e acompanhamento médico. OBJETIVO: Analisar o uso de EAA a longo prazo e sua relação com desenvolvimento de cardiomiopatias. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão de literatura do tipo integrativa. Fez-se uma busca na base de dados National Library of Medicine and National Institutes of Health (PUBMED), pesquisando artigos entre 2018 e 2023. Os descritores utilizados na pesquisa foram: esteroides anabólicos androgênicos, efeitos colaterais e cardiovascular. No total foram encontrados 144 artigos e após a seleção, 5 artigos foram utilizados. RESULTADOS: Os EAA afetam os músculos de forma inespecífica, agindo tanto nos músculos estriados esqueléticos, mas também no miocárdio (KANAYMA et al, 2020). Um dos principais efeitos dessas drogas é a hipertrofia muscular, a qual caracteriza o remodelamento cardíaco do ventrículo esquerdo, juntamente a função sistólica e diastólica reduzida, levando a insuficiência cardíaca. Ademais, os EAA estão relacionados com aumento da fibrose, intensificando a dissincronia do ventrículo esquerdo resultando em arritmias (GRANDPERRIN et al., 2021). O estudo de Mohammad, A. B. B. et al., revelou aumento duas vezes maior da rigidez vascular naqueles que utilizaram anabolizantes comparado aos que não utilizaram. Em outro estudo foi observado que aqueles que utilizam EAA possuem uma média mais alta de PA, devido a um aumento da modulação simpática a qual se encontrou elevada nesse grupo, além de aumento na espessura do septo interventricular, VE e parede atrial (NETO et al., 2018). Um relato de caso de um fisioculturista, o qual admitiu o uso de anabolizantes e sem outras causas que justificassem o quadro clínico, apresentou taquicardia, sopro pan-sistólico e ecocardiograma com fração de ejeção reduzida do ventrículo esquerdo, confirmando assim o uso dos EAA como catalisador de cardiomiopatias (DOLEEB et al., 2019). CONCLUSÃO: Considerando os estudos comparativos e relatos de caso, torna-se evidente a ação dos anabolizantes esteroides nas doenças cardiovasculares, sendo considerado um dos maiores fatores de risco cardiovascular.
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