INTRODUÇÃO: Pela enorme abrangência de microrganismos, a microbiota desenvolve vários papéis no corpo humano, sendo responsável pela manutenção da homeostasia. Apresenta como função principal a defesa contra patógenos invasores, além de estar envolvida no desenvolvimento do sistema imunológico, regulação da absorção de cálcio, magnésio e ferro, produção de energia e, na manutenção da função da barreira intestinal. O transplante de microbiota fecal (TMF) é definido pela introdução da microbiota intestinal de um doador saudável em um hospedeiro doente, com o objetivo de restaurar a homeostase, podendo ser administrado por sonda nasogástrica/nasoentérica, colonoscopia, enemas e cápsulas. Seu mecanismo de ação envolve interação e competição entre a microbiota do doador e do receptor, redução da permeabilidade da mucosa intestinal, efeito na imunidade e efeito no metabolismo dos ácidos biliares. Esse método tem se apresentado promissor para o tratamento de Clostridium difficile, que é um bacilo gram positivo capaz de formar esporos, que se ingeridos sobrevivem a acidez gástrica e germinam no intestino se multiplicando, produzindo toxinas patogênicas e dando início a perda da função de barreira das células epiteliais, ocorrendo a cascata inflamatória que contribui para as doenças intestinais. OBJETIVO: Analisar se TMF é um tratamento adequado para C. difficile, considerando a literatura existente. METODOLOGIA: Essa é uma revisão integrativa e para o desenvolvimento desta, foram utilizados artigos publicados nas bases de dados eletrônicas Brasil Scientific Electronic Library e Biblioteca Virtual em Saúde. A pesquisa utilizou os descritores “Clostridioides difficile”, “Transplante de Microbiota Fecal”, “Microbioma Gastrointestinal” que constam no título, resumo, palavras-chave e texto dos artigos utilizados. Para a qualidade e relevância dessa revisão foram selecionados artigos das bases de dados citadas dos últimos 5 anos. RESULTADOS: O tratamento atualmente utilizado com os antibióticos metronidazol, vancomicina ou fidaxomicina tem revelado falhas em 5 a 35% dos indivíduos, incorrendo em novas recorrências da infeção. Além disso, esses tratamentos quando feitos de forma crônica promovem alterações na microbiota do cólon, aumentando a suscetibilidade a inflamações ao destruir a flora protetora habitual, promovendo uma disbiose persistente. O TMF na infecção por Clostridium difficile apresenta taxas de cura de aproximadamente 90%, percentagem muito superior aos tratamentos antimicrobianos habituais, sendo o padrão ouro para casos recorrentes. O protocolo americano mais recente recomenda TMF apenas após a terceira recorrência, enquanto o protocolo europeu apenas recomenda o uso de TMF após múltiplas recorrências, em associação com antibióticos orais. CONCLUSÃO: A partir da análise da literatura existente é possível afirmar que o transplante de microbiota fecal é um tratamento adequado para casos recorrentes de Clostridium difficile.
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