INTRODUÇÃO: O parto é um evento que, em todas as sociedades, sempre foi cercado de valores culturais, sociais e emocionais. No entanto, ao longo do tempo, tal acontecimento foi sendo “medicalizado”, não sendo a mulher mais protagonista desse evento, mas sim o médico. Nesse contexto, o corpo feminino tornou-se objeto de direito dos médicos, onde ela passou a ser submetida a procedimentos desnecessários e sua autonomia deixou de ser respeitada. Diante desse cenário, surgiu o parto humanizado que é aquele que expressa a interseção entre autonomia da mulher como protagonista do evento, poder de decisão sobre seu corpo e parto, e a presença de uma equipe de cuidado, adepta do modelo humanista. No entanto, apesar dessa ideologia já existir no Brasil, ela ainda não é muito praticada pelos médicos obstetras. OBJETIVO: Conhecer quais são os empecilhos para realização do parto humanizado no Brasil. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, baseada em estudos científicos, na língua inglesa e portuguesa, publicados nas bases de dados virtuais Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Scientific Eletronic Library Online (Scielo), entre 2018 e 2023 que retratavam os entraves para prática dos partos humanizados no Brasil, pelos profissionais da saúde. Os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) utilizados nesta revista foram: “Brasil”, ” Humanização da Assistência”, “Parto humanizado” e “Saúde da Mulher”. RESULTADOS: A partir dos estudos, foi observado que, a formação dos profissionais de saúde, principalmente a formação médica na área da obstetrícia, vem apontando falhas frente a humanização a assistência e o cuidado, por meio da adoção de algumas práticas e procedimentos intervencionistas não recomendados e que tampouco possuem base científica. Nesse sentido, essa formação médica ainda acarreta mais uma consequência, que seria a perpetuação de uma cultura de violência obstétrica dentro do consultório, através de um atendimento mecânico e desrespeitoso, a falta de medicamentos e materiais e dentre outros. Além disso, foi demonstrado que a baixa taxa de adesão a serviços humanizados pela equipe de saúde deve-se as fragilidades na articulação e na comunicação entre os pontos de atenção. CONCLUSÃO: Em suma, os resultados encontrados mostram que a permanência dos profissionais da saúde que obtiveram uma formação constituída por uma educação retrógada, baseada em uma assistência à saúde do parto que apresenta a violência obstétrica presente entre suas vertentes apresentam relutância quanto a adesão do parto humanizado. Somado a isso, tem-se a decadência da estruturação e programação das unidades de assistência à saúde promovem maiores desafios para impor a disseminação/instalação do parto humanizado em todo o Brasil. Reforça-se, assim, a importância da atualização profissional no que se refere ao cuidado na saúde da mulher.
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