INTRODUÇÃO: Em 2019 foi noticiado o surto pandêmico de COVID-19, fato que intensificou a substituição do hábito de fazer as refeições em torno da mesa com a família para tê-los na frente das telas, interferindo nos sinais fisiológicos de fome e saciedade. Com isso há maior escolha de alimentos inadequados, já que isso está diretamente relacionado à influência da mídia nos comportamentos alimentares pelo investimento em propagandas de alimentos hiperpataláveis e hipercalóricos. OBJETIVO: Identificar e mapear o tempo de exposição das famílias às telas durante a pandemia de COVID-19 e associá-lo com a frequência de consumo alimentar das crianças. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo realizado na modalidade on-line avaliado no período durante a pandemia de COVID-19. O critério de inclusão foi questionário aos pais ou responsáveis de crianças de 2 a 9 anos. O cálculo do tamanho da amostra foi realizado no Winpepi program. Considerando que nenhum questionário validado sobre o tempo de uso de telas foi encontrado, essa variável foi coletada por meio de um instrumento escrito com base nas recomendações da Sociedade Brasileira de Pediatria. Os dados sobre o consumo alimentar das crianças foram coletados por meio de um questionário adaptado dos Marcadores Alimentares – SISVAN, 2008. RESULTADOS: Participaram do estudo 517 pais ou responsáveis de crianças com uma média de idade entre 5,3 e 2,4 anos. Quando ao tempo diário gasto em frente às telas, 64,4% dos pais e responsáveis relataram que determinam o tempo em que a criança pode gastar usando os dispositivos eletrônicos. O número médio de horas gastas em frente às telas foi de 3,9 a 2,3. Ademais, 83,9% dos pais e responsáveis relataram que o tempo passado em frente às telas, desconsiderando o tempo dedicado às atividades escolares, mudou durante a pandemia; 81,6% afirmaram que houve aumento. Quanto ao consumo de lanches fora do horário das refeições, ao usar telas, a prevalência foi maior entre as crianças (p<0,001). Nesses momentos, os alimentos mais consumidos pelas crianças eram frutas, sanduíches, salgadinhos, doces, balas e biscoitos. No entanto, houve uma tendência entre o consumo de hambúrgueres e carnes processadas e maior tempo gasto em frente às telas (p=0,059). CONCLUSÃO: Conclui-se que as crianças analisadas estão, excessivamente, expostas a telas e que o consumo de refeição ou lanches em frente a esses aparelhos é frequente. Nessa lógica, surge a necessidade de educar as famílias sobre a importância de limitar o uso das telas durante as refeições, pois a exposição a elas pode influenciar na qualidade alimentar e ter repercussão no estado nutricional e na saúde das crianças em médio e longo prazo.
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