INTRODUÇÃO: São diversos os povos indígenas que habitam o território brasileiro, desde Ticunas, Kambebas, Mundurucus, Kayapós, Sanomas, a vários outros, considerando a existência de pelo menos 305 etnias pelo inventário de 2010. Cada uma delas possui suas próprias culturas e crenças, mas tem em comum o fato de serem constituídas por pessoas, que podem sofrer distúrbios mentais e que precisam de ajuda. Nessa visão, o conceito de “saúde mental” segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), no contexto indígena, se torna problemático, já que concepções colonizadas sobre o viver são as que estruturam a organização dos serviços de assistência. Essa tendência desconsidera os processos de subjetivação de diversos povos, que por vezes compreendem comportamentos dissonantes, não como loucura, mas como tendo outros significados dentro de seus universos cosmológicos. Assim, necessita-se de mais estudos sobre métodos adequados de abordagem para a implantação da saúde mental indígena no Brasil. OBJETIVO: Analisar a abordagem dos aspectos sociossimbólicos na atenção à saúde mental dos povos indígenas brasileiros. METODOLOGIA: Para a composição da revisão integrativa foram utilizados 3 artigos em língua portuguesa obtidos na base de dados Google Acadêmico utilizando os Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) “Saúde Mental”, “Saúde de Populações Indígenas” e “Índios Sul-Americanos” entre os anos de 2019 e 2023. RESULTADOS: Os povos indígenas, assim como quaisquer pessoas, são acometidos por transtornos mentais, contudo, compreendem o “saudável” como um conceito mais amplo, por vezes dependente da integração do homem à natureza e ao mundo dos espíritos, o que traz a necessidade de estratégias individuais para subsidiar ações de forma ética e respeitosa. Nessa busca, projetos como “Saúde dos Povos Indígenas da Amazônia” foram produzidos para orientar as melhores práticas para subsidiar ações em saúde mental com esses povos. Essas práticas consistem em mapear a comunidade, avaliando geografia e recursos; conhecer a história identitária desses povos, antes e depois da zona de contato com não indígenas; compreender cosmologias, ancestralidades e espiritualidades que os orientam; construir coletivamente consensos e estratégias de ação, articulando saberes com a medicina tradicional indígena e respeitando todas as suas diversidades. CONCLUSÃO: Para que a saúde mental indígena seja efetivamente implantada no Brasil, faz-se necessário a mobilização de diversos setores da sociedade, desde jurídicos até político-sociais, visando salvaguardar o direito à saúde de forma integral, mantendo o respeito e os valores éticos individuais de cada povo.
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