INTRODUÇÃO: O corpo humano coexiste com um microbioma complexo que inclui bactérias, fungos, vírus e protozoários que colonizam o microambiente do hospedeiro e formam um sistema dinâmico que evoluiu ao longo do tempo. Pesquisas atuais indicam que a microbiota pode interagir com células hospedeiras e interferir em estados de doenças, especialmente câncer, por meio de diversos mecanismos. Nesse sentido, discute-se acerca das capacidades versáteis de bactérias direcionadas ao tratamento anticancerígeno, visto que essas são capazes de suprimir o câncer a partir do acúmulo e da proliferação dentro dos tumores, podendo iniciar respostas imunes antitumorais. Muitas bactérias anaeróbicas facultativas ou obrigatórias, como Clostridium, Bifidobacterium, Listeria, Escherichia coli e espécies de Salmonella possuem essa atividade. Assim, esses microrganismos podem ser programados por meio de manipulação genética simples ou bioengenharia sintética sofisticada para produzir e distribuir agentes anticancerígenos com base nas necessidades clínicas. OBJETIVO: Analisar a possibilidade do uso de bactérias terapêuticas para efeitos anticancerígenos. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de estudos coletados nas plataformas: “PubMed” e “LILACS”, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Bacteria” e “Anticarcinogenic Agents”. Foram incluídos 10 estudos no idioma inglês, realizados entre 2018 e 2022. Literaturas repetidas e destoantes da temática abordada foram excluídas. RESULTADOS: Foi demonstrado que a toxicidade bacteriana viva, a transferência de genes, a interferência de RNA, a clivagem de pró-fármacos e o uso em combinação com outras terapias são as principais estratégias anticancerígenas usadas pelas bactérias no combate ao câncer. Nesse sentindo, observou-se que o peptídeo enterocina 12a, produzido pela bactéria Enterococcus faecium, apresenta atividade citotóxica contra várias linhagens de células cancerígenas, incluindo os cânceres de pulmão, de mama, de fígado e de cólon. Ademais, descobriu-se a capacidade anticancerígena da administração oral de bactérias Escherichia coli Nissle deficientes em alanina que expressam YebF-I1 (Mirosinase de Armoracia rusticana com uma tag de secreção de YebF), uma vez que a mirosinase secretada por elas converteu o glucosinolato da dieta dos indivíduos em sulforafano, uma molécula orgânica com atividade anticancerígena, resultando na inibição quase completa da proliferação em linhagens celulares de adenocarcinoma colorretal humano. Desse modo, a capacidade das atividades anticancerígenas das bactérias através da manipulação genética simples ou da bioengenharia sintética foi comprovada nos estudos experimentais realizados. CONCLUSÃO: Portanto, devido às suas características únicas, o uso de bactérias terapêuticas demonstrou ser uma opção eficaz e segura para um melhor tratamento antitumoral ou como um tratamento alternativo do câncer em combinação com quimioterapia, radioterapia e imunoterapia.
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