INTRODUÇÃO: O parto é considerado um evento natural e o ideal é que tenha o mínimo de intervenções possíveis. Entretanto, observa-se que práticas como a episiotomia são utilizadas rotineiramente. A episiotomia é um procedimento cirúrgico que consiste em uma incisão no períneo durante o parto, com a finalidade de ampliar a abertura do canal vaginal, facilitando a saída do feto em um parto normal. A utilização do procedimento é recomendada em situações específicas e que se limitam a elas, porém muitos profissionais fazem o uso diariamente. Além disso, observa-se que a episiotomia é realizada, em muitos casos, sem o conhecimento da paciente, gerando traumas psicológicos e emocionais, acarretando casos de violência obstétrica. OBJETIVO: Analisar os fatores que levam a realização da episiotomia e identificar se há a necessidade do procedimento ou se configura como um caso de violência obstétrica. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura realizada por meio de busca nas bases de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), Google Acadêmico e SciELO, a partir dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS/MeSH) e os operadores booleanos seguintes: “episiotomia” AND “violência obstétrica”. A busca foi realizada em abril de 2023. Os critérios de inclusão foram: artigos originais na íntegra, entre os anos de 2012-2022, disponíveis em português e inglês. Exclui-se textos incoerentes com o tema abordado, que não respondessem à questão norteadora da pesquisa, cartas ao editor, editoriais, artigos de revisão e relatos de casos. RESULTADOS: Foram selecionados 11 artigos, os quais apontam que a episiotomia é realizada, em muitos casos, de forma rotineira e sem necessidade. As principais indicações foram rigidez perineal, períneo curto e iminência de laceração. No entanto, percebe-se que a ausência de conhecimento dos profissionais e das pacientes acerca de suas indicações corretas, seus riscos e consequências aumentam o número de procedimentos realizados. Ademais, a falta de diálogo com a paciente que não reconhece o procedimento e acaba sofrendo a episiotomia se encaixa em violência obstétrica, por violar os direitos sexuais, reprodutivos e emocionais da gestante. CONCLUSÃO: Em suma, é evidente que, apesar de haver indicações específicas para a episiotomia, a prática é realizada rotineiramente, o que a torna, nesse caso, um exemplo de violência obstétrica. Diante disso, faz-se necessário a busca pelas informações corretas pelos profissionais e pela própria paciente sobre essa prática, bem como disseminação desse conhecimento. Além disso, é imprescindível que os profissionais de saúde dialoguem com a paciente sobre a realização da episiotomia, com o intuito de reduzir a realização desnecessária da prática e, consequentemente, a violência obstétrica. Este estudo limitou-se pela escassez de artigos acerca da temática.
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