INTRODUÇÃO: O eixo intestino-cérebro tem sido muito estudado na tentativa de compreender a relação entre a microbiota intestinal e as desordens mentais. Sabe-se que, nos últimos anos, o número de pessoas com algum diagnóstico de transtorno mental tem aumentado substancialmente, sendo a depressão e a ansiedade os mais frequentes. Apesar dos distúrbios psicológicos apresentarem etiologias multifatoriais, a literatura tem demonstrado a importância da relação entre o intestino e o cérebro nos quadros depressivos e ansiosos. Neste sentido, surgiu, recentemente, um corpo de evidência sugerindo que a microbiota intestinal tem capacidade de interagir com o sistema nervoso central e, por isso, pode influenciar o comportamento e a função cerebral. OBJETIVO: Compreender a relação entre a microbiota intestinal e a saúde mental na prevenção e tratamento dos distúrbios psicológicos. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, com pesquisa pelos descritores e operadores booleanos “gastrointestinal microbiome AND mental health” na base de dados do PubMed, com filtro para os últimos 5 anos. Além disso, foi feita uma busca na base de dados do Google Scholar por meio da pesquisa “relação entre microbiota intestinal e saúde mental”. Foram excluídos artigos que não estabeleciam bem a relação proposta no objetivo e incluídos artigos que instituíram, claramente, tal associação, resultando nos 5 artigos selecionados. RESULTADOS: Os resultados da pesquisa demonstraram que existe um sistema de comunicação entre o trato gastrointestinal, os microrganismos que o habitam e o sistema nervoso periférico e central, denominado eixo intestino-cérebro. A microbiota intestinal pode modular o comportamento e a função cerebral, assim como o cérebro é capaz de modular microbiota intestinal, por meio de alterações na motilidade, secreção gastrointestinal e permeabilidade intestinal. Foi documentado que a microbiota de indivíduos com depressão apresenta menor diversidade em relação aos indivíduos não acometidos por tal transtornos. Nesse sentido, entende-se que a microbiota intestinal pode desempenhar um papel causal no desenvolvimento de sintomas da depressão, podendo, assim, representar um alvo terapêutico na prevenção e tratamento desta doença. Com base nisso, probióticos e prebióticos têm sido amplamente relacionados à atenuação dos sintomas de ansiedade, depressão e estresse, fato que se deve à sua capacidade de modular a composição da microbiota intestinal, além de reduzir os níveis de cortisol, promovendo o bem estar. CONCLUSÃO: O impacto direto do intestino e sua microbiota sobre o sistema nervoso central tem colocado o eixo intestino-cérebro em posição de destaque nos estudos sobre desordens mentais. Apesar da necessidade da realização de mais estudos em relação à temática, a evidência até o momento é de que a nutrição e alimentação são intervenções com um caráter promissor na prevenção e atenuação do impacto das morbidades mentais nas sociedades modernas.
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