INTRODUÇÃO: No pênis, o câncer de células escamosas, tumor maligno dos queratinócitos epidérmicos que invadem a derme, é o mais comum. Nesse tipo de câncer, o acometimento dos linfonodos inguinais, via metástase, quando em estado mais avançado, pode gerar ulcerações na pele da região, sendo muitas vezes necessário fazer ressecção e linfadenectomia (retirada cirúrgica dos linfonodos) da área. Dessa forma, a discussão acerca do manejo mais adequado a respeito da reconstrução com retalho da região inguinal é muito importante, haja vista a grande diversidade de abordagens reconstrutivas em pacientes com grandes metástases inguinais que recebem essa linfadenectomia. OBJETIVO: Avaliar a reconstrução cirúrgica via retalhos abdominais em pacientes com câncer de pênis e com grandes metástases inguinais, pós linfadenectomia da região. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa, na qual foram utilizados para pesquisa bases de dados, como “PubMed”, “Embase”, “SciELO” e “Cochrane Library”, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Myocutaneous Flap”, “Surgical Flaps”, “Lymph Node Excision” e “Penile Neosplasms”. Foram selecionados 04 estudos no idioma inglês, disponíveis na íntegra de forma gratuita. RESULTADOS: Foi observado nos estudos que simples enxertos de pele para reconstrução da região inguinal, a qual configura-se como parte mole, não são os mais indicados em casos de linfadenectomia de grandes metástases em pacientes com câncer de pênis (CP). Para as regiões suprapúbica e inguinal, os retalhos miocutâneos pediculados ou retalhos livres com anastomose microvascular são opções para o fechamento do defeito consequente dessa operação, na qual a retirada de pele pode vir do músculo reto abdominal, tensor da fáscia láta e reto femoral. A grande quantidade de pele fornecida pelo uso de um retalho miocutâneo vertical do reto abdominal (VRAM) diminui a tensão da região, a qual tem naturalmente uma elevada tensão ocasionada pela deambulação e pela grande movimentação dessa área, e permite uma boa cobertura tecidual inguinal utilizando um pedículo com a artéria epigástrica inferior esquerda (DIEA) e uma porção do músculo reto abdominal. Os estudos também demonstraram que pacientes submetidos a reconstrução inguinal imediata com VRAM evoluíram bem, com realização da deambulação nas primeiras 24 horas de pós-operatório, o que reduz o risco de tromboses. Contudo, em um dos estudos, o paciente que realizou reconstrução bilateral teve em seu pós-operatório áreas de epidermiólise e outras de necrose cutânea, tendo tido necessidade de realizar enxerto de pele na região. CONCLUSÃO: Portanto, nos pacientes com CP e com grandes metástases submetidos à linfadenectomia inguinal, a reconstrução utilizando retalhos provenientes do músculo reto abdominal evoluíram bem no pós-operatório e não apresentaram consideráveis efeitos adversos relacionados a essa operação.
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