A RELAÇÃO DO USO DO METILFENIDATOEM CRIANÇAS COM TDAH E A PUBERDADE PRECOCE
INTRODUÇÃO: O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um dos transtornos do neurodesenvolvimento mais comuns. É caracterizado por duas dimensões principais de sintomas, desatenção e inquietação/impulsividade motora, que são generalizadas e resultam em prejuízos funcionais significativos. É comumente diagnosticado na infância, mas pode persistir na idade adulta com uma margem superior a 60%. De acordo com as diretrizes internacionais, o tratamento do TDAH deve seguir uma abordagem multimodal que combine tratamento comportamental e farmacológico. Sendo que a medicação de primeira escolha e o tratamento mais usado para TDAH em crianças e adolescentes é o metilfenidato (MPH). São diversos os efeitos positivos do metilfenidato nos sintomas centrais do TDAH, no entanto, seu uso prolongado pode ser acompanhado por uma série de efeitos adversos, incluindo distúrbios no desenvolvimento puberal de crianças que utilizam essa medicação, incluindo alterações nos hormônios gonodais eredução do ganho de altura e peso. OBJETIVO: Pesquisar se o uso do MPH em crianças com TDAH gera consequências para o desenvolvimento da sua puberdade. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa de estudos com dados coletados nas plataformas: “PubMed”, “Science Direct” e “LILACS”. Utilizou-se os Descritores em Ciências da Saúde (DeCS): “Puberty”, “Methylphenidate” e “Child”. Foram incluídos 5 estudos em inglês, entre o período de 2018 a 2023; foram excluídos estudos repetidos e fora da temática proposta. RESULTADOS: O TDAH é um distúrbio neuropsiquiátrico complexo no qual os sistemas de dopamina e noradrenalina do cérebro são afetados. O MPH aumenta o nível de dopamina e noradrenalina na fenda sináptica pela inibição dos transportadores de dopamina e noradrenalina, reduzindo os sintomas. A puberdade precoce é consequência da diminuição da atividade do sistema supressor central nos neurônios do hormônio liberador de gonadotrofina (GnRH) e do aumento da atividade dos sistemas excitatórios proeminentes. Glutamina, dopamina e noradrenalina são neurotransmissores excitatórios que têm um papel importanteno início da puberdade. O efeito do MPH, acumulando dopamina e noradrenalina na fenda sináptica, pode induzir a puberdade por afetar seus próprios receptores. Foram feitos alguns estudos em animais que confirmam esta hipótese, como em um que examinou os efeitos do MPH a longo prazo no eixo reprodutivo de ratas adolescentes, comparando os resultados com os que nunca haviam feito uso de drogas. Foi determinado alto nível de hormônio luteinizante (LH) na hipófise e folículos ovarianos luteinizados histologicamente prematuros no grupo utilizador de metilfenidato. CONCLUSÃO: Portanto, o uso do metilfenidato em crianças com TDAH por tempo prolongado e em doses maioresdemonstrou estar relacionado a alterações no desenvolvimento pubescente destas.
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