INTRODUÇÃO: Queimaduras são lesões resultantes da ação de calor, em que ocorre destruição de camadas da pele. Diversos são os tratamentos realizados com o intuito de restaurar a estrutura e o funcionamento da região danificada, entre eles o uso de células-tronco, em especial as derivadas do tecido adiposo (ADSC). Entretanto, a utilização de outros tipos de células e substâncias, como as advindas de derivados perinatais, ainda precisa ser melhor descrita. OBJETIVO: Avaliar a eficácia do transplante de derivados perinatais advindos da placenta como alternativa para o tratamento direto de queimaduras e de suas sequelas cardíacas. METODOLOGIA: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, em que os artigos foram obtidos por meio da pesquisa nos bancos de dados Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e National Library of Medicine (PubMed), sendo usados os descritores, em língua portuguesa e inglesa: “Queimaduras”, “Transplante” e “Placenta”. Foram incluídos 5 artigos originais completos, dos últimos 5 anos, relacionados ao tema. RESULTADOS: Percebeu-se que os derivados placentários como células epiteliais amnióticas (CEA) e células-tronco mesenquimais (CTM), se diferenciam em queratinócitos e fibroblastos, que quando misturados em plasma para transplante, formam um substituto cutâneo capaz de melhorar a arquitetura da pele, com significativa redução da apoptose no local. Isso acontece devido à capacidade das CEAs de promover a migração de outras células para a ferida e de expressar níveis mais altos de fator de crescimento semelhante à insulina 1 (IGF-1) do que as ADSCs, o que possibilita uma intensa proliferação e diferenciação celular, aumento das taxas de contração e cicatrização da ferida pelo incremento dos níveis de fator de crescimento do endotélio vascular, e redução da infiltração inflamatória local. Tais fatores contribuem para que as CEAs apresentem 2,5 vezes a capacidade das ADSCs de fechar a lesão, com menos fibrose, tornando sua aplicação mais viável, sobretudo em locais sensíveis como o rosto, evidenciando cicatrização completa e manutenção da elasticidade e rigidez da pele em até 80% dos casos, sendo possível a cobertura de irregularidades e resultado mais estético. Além dos efeitos diretos sobre as queimaduras, tais derivados, em especial a hemoglobina da placenta humana polimerizada (PoliPHb), são capazes de melhorar a pressão arterial média em queimados, reduzir os níveis plasmáticos de enzimas cardíacas, como a troponina I e a creatinina quinase, e restaurar o relaxamento dependente do endotélio aórtico, o qual normalmente está afetado pelas queimaduras e pode resultar em lesão miocárdica grave. CONCLUSÃO: Os derivados perinatais advindos da placenta, em especial CAE, CTM e PoliPHB, constituem alternativas para o tratamento de queimaduras, principalmente em locais mais sensíveis do corpo, apresentando benefícios não só estéticos, mas também de proteção cardíaca. Entretanto, ainda são necessários mais estudos acerca desse assunto.
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