DE ONDE EU VENHO: MEMÓRIAS COM ESTUDANTES DA EJA

DE ONDE EU VENHO: MEMÓRIAS COM ESTUDANTES DA EJA

• Autor
• Geisi Nicolau
• Resumo

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  No Brasil, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) é uma modalidade da educação, preconizada na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº. 9394/96, voltada para pessoas que não tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e aprendizagem ao longo da vida. De acordo com Paiva (2009), o sentido verdadeiro da EJA é o da educação continuada, que favorece processos educativos para jovens e adultos, cujas condições de vida os mantem afastados dos conhecimentos indispensáveis à sua humanização. Neste sentido, como professora alfabetizadora de turmas de EJA, na Secretaria Municipal de Educação da cidade do Rio de Janeiro (SME/RJ), propunha as(aos) estudantes que mensalmente visitássemos à Sala de Leitura da escola para a vivência de diferentes práticas de fomento à leitura. Para a imensa maioria o contato com uma “biblioteca” aconteceu pela primeira vez neste espaço. Do empréstimo de livros para que levassem para suas casas à seleção dos que ficariam em nossa sala de aula para a roda de leitura diária, escutei e senti diversas vezes os encantamentos das(os) estudantes enquanto estava mergulhada nesse espaço com elas(es). Como nos ensina Oliveira e Alves (2008), é nesse envolvimento que falamos em mergulho e não em observação porque precisamos de todos os sentidos para nos envolver nas narrativas nosdoscom os cotidianos. Naquela semana, havíamos recebido um menino de quinze anos para ser alfabetizado na turma que, até aquele momento, tinha um perfil etário majoritariamente adulto e idoso. Pensando em como iniciar uma roda de conversa sobre as distintas faixas etárias que compõem as turmas de EJA, recorri à Guilherme Augusto Araújo Fernandes, livro escrito por Mem Fox e traduzido por Gilda de Aquino, para tecer os fios dessa conversa. Guilherme, o menino do livro, é vizinho de um asilo e as(os) idosas(os) de lá são seus amigos. Ao saber da perda de memória da Dona Antônia, Guilherme prepara uma cesta de objetos que movimenta as(os) memórias das(os) moradoras(es) do asilo. Assim, nossa turma começou as primeiras conversas sobre as memórias singularessociais (Reis, 2023) que estávamos tecendo. Deste modo, enquanto professora alfabetizadora, no contexto da alfabetização de jovens, adultos e idosas(os), as vivências tecidas buscavam tornar a literatura um direito humano inalienável (Cândido, 1988) pois deve ser assegurado a todas(os) e, também, buscavam tornar o mundo mais habitável (Reyes, 2012) pelo fato de olharmos para dentro buscando abrir novas portas para o entendimento de nós e dos outros.

   

• Palavras-chave
• Educação de Jovens e Adultos, Alfabetização de Jovens e Adultos, Roda de leitura, Humanização.
• Área Temática
• Eixo 1- Saberes, práticas e experiências educativas instituintes

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