CORPOS-COM-OUTROS-CORPOS-EM-SI

  • Autor
  • Will Paranhos
  • Resumo
  • Ao invés de indagarmos “como os corpos têm estado ausentes/presentes nas nossas ações pedagógicas e nas nossas pesquisas?”, penso que seja crucial nos abrirmos aos questionamentos: “quais corpos têm estado ausentes/presentes nas nossas ações pedagógicas e nas nossas pesquisas?”, “de que maneiras constituímos nossas ações pedagógicas e nossas pesquisas considerando a multiplicidade de corpos existentes?” e, talvez preliminarmente a tudo isto, “como constitui-se um corpo?”. Foi Baruch Espinosa que buscou pensar acerca das possibilidades do corpo, na tentativa de compreender o que pode um corpo. No entanto, creio que a pergunta deva ser anterior, criando difrações que nos levem a pensar nas maneiras como uma corporalidade pode constituir-se. Sim, e o uso de “maneiras” não é mero acaso, mas a tentativa de demarcar, com o uso do plural, uma abertura que foge do colonialismo ocidental metafísico. Ao invés de corpo, somos corpos, somos corpos-com, corpos que não constituem-se de maneira isolada, mas em constante intra-ação e confluência. Corpos protéticos. Corpos-com-outros-corpos não-humanos, mais-que-humanos e outros-que-humanos. Corpos não dissidentes, mas corpos em [constante] dissidência, que negam qualquer tentativa de fixação, mesmo que esta possa ser considerada já como dissidente (corpos gay, corpos trans, corpos defiças…). Corpos-com que não são simples efeito discursivo, mas a representação de um phenomenon que constitui-se na intra-atividade relacional que emaranha componentes materiais, discursivos, políticos, culturais, humanos, não-humanos, tecnológicos e tantos outros quantos estiverem enredados. “Torcer” tais perspectivas faz-se necessário, sobretudo em uma época onde a lógica dicotômica ocidental menteXcorpo míngua, ao percebermos que tal cisão consiste na tentativa de estancar nossas pulsões, tanto na singularidade quanto no coletivo. O que queremos - e devemos - é vazar por entre as fissuras que abrem-se na relação cambiante com a normatividade. Deste modo, torna-se possível pensarmos em possibilidades de intervenção ético-ontoepistemológica e política sobre as intra­?ações por meio das quais nossos corpos materializam-se, maximizando as potências que nos são constitutivas, como também percebermos os movimentos dos agenciamentos externos e, com isso, criarmos rotas de fuga para escaparmos das tentativas de captura que sobre nós são, maquinicamente, lançadas. É um exercício de desconstrução que faz cair por terra toda a lógica ocidental e binarista com a qual estamos acostumades, levando-nos a um constante repensar dos saberes, dos conhecimentos e das práticas, culminando em uma abertura constante à alteridade e ao movimento espiralar da diferença enquanto diferença, elevando-nos, talvez, a um outro patamar de entendimento, que já não mais comportará pensarmos em corpos que estão na escola, em corpos que ocupam a escola, mas sim em corpos-com-a-escola, corpos-com-a-educação, corpos-com-outros-corpos-em-si, numa trama interminável de relações e afetos.

  • Palavras-chave
  • Currículo, corpos-com, corporalidades em dissidência, neo-materialismo
  • Área Temática
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa
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  • Eixo 1- Saberes, práticas e experiências educativas instituintes
  • Eixo 2- Processos formativos, movimentos sociais e coletivos docentes
  • Eixo 3- Corpos, poéticas e políticas com os cotidianos educativos
  • Eixo 4- Epistemologias plurais e decolonialidade na pesquisa
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa

Coordenação geral:

Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ

Comissão organizadora:

Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO

Comitê Científico

André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB

Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:

Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena