Quantos palhaços cabem dentro de um Currículo?

  • Autor
  • Viriginia Maria Barcellos
  • Resumo
  • Fruto de uma pesquisa de doutorado em finalização que se dá numa aproximação pós-investigativa (St. Pierre, 2018) e autobiográfica, esta proposta de trabalho parte de um pensar radical, que mexe com o fazer currículo e os corpos. Ao começar o doutoramento, conheço a teoria pós estrutural, que rasura toda a teoria conhecida por mim até então. Só uma intuição se confirmou ao longo da pesquisa: O Palhaço Promessa, possuidor de um universo inesgotável de possibilidades e descobertas onde se torna possível abordar o humano e além, em sua pluralidade subjetiva. Um palhaço múltiplo, amplo e híbrido. Mas à medida que passa por cada localidade, cultura e temporalidade, demonstra que não se trata de uma unidade central geradora, mas de iterações diversas. O palhaço carrega em si a monstruosidade e a redenção, o grotesco e a inocência capazes de catapultar tal fricção. Atualmente o palhaço dialoga principalmente com a criança. Mas com qual produção de criança essa produção de palhaço dialoga? Em um duplo movimento, onde a criança produz o palhaço e o palhaço produz a criança, ambos vão se transformando em uma coisa asséptica. Ao não se poder falar de sexualidade perto da criança, rouba-se isso do palhaço também, uma vez que existe um movimento similar de construção de ambos. Tornam-se assépticos e em parte, apagados e normatizados. Isso me leva a ponderar se é possível limpar um palhaço e uma criança que habitam em um corpo, ou se é chegada a hora de admitir que para uma teoria pensar sobre estes corpos, precisamos sujá-la. Uma teoria pensada de baixo para cima, perto das mucosas e dos fluidos. Na teoria, a construção da boca, do cu, da criança e do palhaço são igualmente limpos. Tão limpos quanto o currículo. Assim, a proposta aqui seria utilizar um palhaço/promessa para tensionar e denunciar a genealogia de uma certa assepsia, que complica a infância, o corpo, o palhaço e a teoria. Aqui o estudo do palhaço não é para defini-lo, mas para inspirar-me na iteração deste modo de existir em relação ao mundo e com o currículo. Por acreditar que o que todos os currículos têm em comum é o corpo, um estar no mundo, exercito miragens onde a teoria se dissolve, complicando o jogo. A proposta além de ser uma discussão teórica e ética, é um processo de me assumir crip (Greiner, 2023) úmida (Haddock-Lobo, 2011) evocando o riso como guia e informante, explorando a educação e a metodologia, tendo o palhaço como ponte entre esses dois movimentos. Porém aqui o riso faz parte do sério. Um pensamento que simultaneamente, crê e não crê, respeita e zomba de si mesmo. Um pensamento tenso, porém, aberto, dinâmico, paradoxal, que não se fixa em conteúdos, que não se pretende nenhuma culminância. Ao final, considera-se pensar um currículo do tropeço, que se reconfigura de forma dinâmica e no momento presente. O presente trabalho foi realizado com o apoio da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do nível Superior – Brasil (CAPES). Código de Financiamento 001.

     

  • Palavras-chave
  • Currículo. Palhaçaria. Corpo.
  • Área Temática
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa
Voltar Download
  • Eixo 1- Saberes, práticas e experiências educativas instituintes
  • Eixo 2- Processos formativos, movimentos sociais e coletivos docentes
  • Eixo 3- Corpos, poéticas e políticas com os cotidianos educativos
  • Eixo 4- Epistemologias plurais e decolonialidade na pesquisa
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa

Coordenação geral:

Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ

Comissão organizadora:

Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO

Comitê Científico

André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB

Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:

Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena