Este relato de experiência tem como objetivo narrar ideias originadas das conversas e reflexões que venho estabelecendo comigo mesmo como educador da Educação Básica e a prática pedagógica que experimento em meu cotidiano como professor de matemática. Cotidiano que me mobiliza a pensar a respeito da relação que venho estabelecendo com os estudantes no contexto escolar. Tal temática me atravessa desde a época de minha formação inicial quando atuei como bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid) entre os anos de 2015 e 2018. Foi no Pibid, quando estive como estudante-professor, que experimentei no chão da escola a necessidade urgente de estabelecimento de vínculos afetivos, respeitosos, atenciosos entre professores-estudantes. Os três anos em que estive presente numa escola estadual na baixada fluminense, apenas uma vez na semana durante seis horas, me colocaram em contato com uma dimensão da formação de professor a qual, até então, não me havia sido apresentada no curso de licenciatura em matemática: a dimensão afetiva. Operar na escola a partir de propostas lúdicas para o ensino da matemática me possibilitou estabelecer com os estudantes uma relação pautada na escuta, em conversas sobre suas próprias vidas, a escola e a sociedade. Fazendo, portanto, com que desenvolvêssemos vínculos de confiança e afeto – experiência que transformou minha perspectiva sobre a educação e minha atuação por meio das práticas pedagógicas que desenvolvo como professor. Desde então, venho assumindo uma postura docente afetuosa para/com os estudantes: visibilizando-os como sujeitos de conhecimento, escutando suas demandas pessoais e acolhendo-as, e criando estratégias dialógicas de ensino-aprendizagem em sala de aula. Tenho percebido dois efeitos a partir disso. O primeiro: os estudantes me relatam “gostar muito de mim e da minha aula”, e por isso, se abrem para uma outra forma de vivenciarem seu processo formativo, modificando sua relação com a matemática, a escola e a sociedade e, consequentemente, seu desempenho durante as aulas. O segundo: corroborando com uma perspectiva de educação opressiva, que anestesia as relações, normaliza o afastamento e o respeito a partir do temor – sou acusado de ser “amigo demais dos meus alunos” e, por isso, “meus alunos não me respeitam e não têm bom desempenho”. Fui atravessado por este segundo efeito em uma escola particular na qual atuei nos anos de 2022 e 2023, ministrando aulas para o sexto ano. Diante disso, mobilizado em tencionar esses discursos sobre a educação e a relação entre professor-estudante venho me perguntando: “o que pode a educação quando encarada por uma perspectiva amorosa?”. Implicado por esta questão, venho somando à observação atenta da docência, estudos que me conduzem a compreender minha atuação de professor “amigo” como movimento político, ético, disruptivo e de amor – ação que escolho realizar compromissado com uma educação que se faça ambiência fértil para a transformação dos sujeitos e suas realidades. Ação que, quando base para a relação professor-estudante, possibilita que nos realizemos de forma íntegra para vivermos em comunhão com o mundo ao nosso redor. E afinal, não seria este o objetivo da educação?
Coordenação geral:
Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ
Comissão organizadora:
Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO
Comitê Científico
André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB
Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:
Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena