Apresentamos a experiência de partilhar cartas narrativas como possibilidade de tecer compreensões a respeito de uma investigação-vida entrelaçada com nossas (auto)biografias e ancestralidades. Compomos reflexões acerca das conversas provocadas através de cartas partilhadas, experienciadas e vividas no encontro com as memórias tecidas no espaço-tempo com nossas avós maternas. Entendemos a carta narrativa como um dispositivo que nos possibilita um encontro-conversa com nós mesmas e com a/s outra/s e, assim, transbordamos as nossas memórias e experiências com nossas avós maternas a partir das cartas narrativas como modo de compor uma investigação narrativa (auto)biográfica das próprias pesquisadoras. Com isso, nos questionamos: quais são as nossas experiências ancestrais que nos possibilitam compor uma investigação narrativa (auto)biográfica centrada no espaço-tempo de ser neta, filha, mãe, mulher, pesquisadora, professora…? Buscamos, portanto, ser/aprender/sentir com o vivido das nossas antepassadas e com as suas/nossas experiências, compreendendo nossas histórias, sem esquecer dos diversos contextos, temporalidades e territórios, de tantos/as outros/as que vieram antes de nós, dialogando com suas experiências e nos permitindo sermos afetadas pelas memórias (re)visitadas e conversadas em cada carta. Fundamentamos na perspectiva teórica-metodológica da investigação narrativa na educação, assumindo que a própria investigação seja uma experiência narrativa. Desse modo, as cartas narrativas são apresentadas como caminho para o (re)encontro com a escrita desde uma perspectiva (auto)biográfica como modo de tecer uma conversa-escrita, compreendidas no partilhar da palavra falada e da palavra escrita. Assim, memórias e relatos do vivido são compreendidos aqui como fontes de ensinamentos, pois a perspectiva narrativa compreende nas experiências um território de saber, e assim, o movimento de narrar(se) nos possibilita o (re)pensar, transformar e a (re)construir os conhecimentos. No texto, as cartas narrativas são trazidas como lugar de conversa-escrita, em diferentes temporalidades e lugares; desse modo, 3 cartas são apresentadas: o reencontro com a carta da avó materna Elaine, carta para avó materna Elaine e carta para avó materna Eva. Assumimos as cartas narrativas desde nossas experiências (auto)biográficas, com a ideia de narrar de si com o outra, de narrar(se) com, de resgatar nas memórias uma conversa-escrita com os saberes da experiência das nossas avós maternas, mulheres sábias, que nos possibilitam encontrar sentidos e indícios do nosso lugar, do nosso ser e viver. Ao escrevermos as cartas, exercitamos um olhar para os sentidos e indícios que nos permitem entender nossos tempos-espaços de ser-estar como mulheres, pesquisadoras, professoras. Como um ato “ético-político-estético” que nasce do movimento memorialístico das experiências ancestrais narradas com nossas avós e nas cartas, assumimos/reconhecemos/publicizamos as vozes, até então silenciadas, de mulheres que narram suas dores, medos, culpas, lutas, conquistas, alegrias e tristezas. Contudo, sabemos que ainda há movimentos desiguais no campo científico e nos sentimos convocadas/mobilizadas pela necessidade de (re)conhecimento do espaço de nós, mulheres, na construção de conhecimento.
Coordenação geral:
Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ
Comissão organizadora:
Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO
Comitê Científico
André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB
Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:
Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena