QUAL O LUGAR DE NASCIMENTO SUA ESCRITA?

  • Autor
  • Rozane da Conceicao Silva Costa
  • Co-autores
  • Nara Paixão Sacramento
  • Resumo
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    Esse resumo trata de um relato de experiência vivido pelas Mestrandas no Grupo de Pesquisa “Currículo, Escrevivência e Diferença”, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação e Diversidade da Universidade do Estado da Bahia, do campus XIV de Conceição do Coité-BA. A leitura do texto “Da grafia-desenho de minha mãe, um dos lugares de nascimento de minha escrita” de Conceição Evaristo (2020) foi inspiração em um dos encontros do Grupo de Pesquisa para pensarmos sobre o nosso processo de escrita atrelado ao corpo e tudo aquilo que vivemos aquelas que vieram antes de nós, principalmente nossas avós.  Nessa experiência, nos emocionamos, vieram as memórias e o questionamento: qual o lugar de nascimento da escrita? A nossa grafia nasceu no quintal de casa, no movimento das brincadeiras de rabiscar no chão, rabiscávamos outros horizontes fazendas cheia de gado, praias, o que não tinha no quintal a gente rabiscava; mas no quintal tinha cheiro de jaca e sabor de manga e licuri. (Oliveira, 2022). Ao reinventar vivências de mulheres negras e seus corpos escrevendo, nos perguntamos sobre as formas de assumir uma produção acadêmica contaminada com o sabor da maniçoba, o cheiro da moqueca de mariscos, temperada com coentro.  É possível a produção de uma escrita acadêmica, que reconheça que falamos outra língua, a do outro, ao tempo em que valorize modos ancestrais de escrever? (Derrida, 2001) Como destacar na nossa escrita, nossas inquietações sobre as nossas práticas sociais em família, os universos de leituras possibilitado pelo espaço acadêmico e os saberes aprendidos pela convivência nos terreiros de candomblé, do Recôncavo Baiano? O texto de Conceição Evaristo (2020) permite um exercício Sankofa na nossa escrita, de retorno para saudar e reviver as nossas eternas mestras, reconhecendo suas intelectualidades. Esse momento de troca nos permitiu reviver a importância dessas mães pretas da sociedade brasileira (Gonzalez, 2020) que na perspectiva colonial estão reduzidas em classificações e separações institucionalizadas, ação estratégica do racismo que repetidamente age para nos silenciar e nos apagar. Observar o tamanho dos traumas do racismo na pesquisa universitária, reproduzindo posturas que apagam nossa história através de uma escrita sem cor, reflete na necessidade de manifestar o que aprendemos com as nossas ancestrais, ao parir os nossos textos. (Anzaldua, 2000). A escrevivência é um ato político-estético-poético e metodológico que borra a imagem colonial, reivindica nosso “corpo-voz” e nos convida a fazer pesquisa acadêmica encharcada de vida.

     

  • Palavras-chave
  • Grafia. Escrevivência. Universidade. Racismo.
  • Área Temática
  • Eixo 4- Epistemologias plurais e decolonialidade na pesquisa
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  • Eixo 1- Saberes, práticas e experiências educativas instituintes
  • Eixo 2- Processos formativos, movimentos sociais e coletivos docentes
  • Eixo 3- Corpos, poéticas e políticas com os cotidianos educativos
  • Eixo 4- Epistemologias plurais e decolonialidade na pesquisa
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa

Coordenação geral:

Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ

Comissão organizadora:

Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO

Comitê Científico

André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB

Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:

Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena