Neste trabalho, compartilhamos ressonâncias, sentidos, ideias e experiências que temos tecido na construção coletiva de um projeto pedagógico no cotidiano escolar de uma instituição pública centenária especializada na educação de surdos, na cidade do Rio de Janeiro. Nossa proposta tem como força motriz experiências vivenciadas com jovens e adultos surdos, no contexto da educação bilíngue. Considerando que nossos corpos habitam uma sociedade pautada na perspectiva uniformizante, eurocêntrica, colonial, racista, ouvintista, heteronomartiva e patriarcal, que causa efeitos negativos na produção das nossas subjetividades, tais como o silenciamento, o sentimento de inferioridade, a subalternização, os traumas e o adoecimento psíquico. O desafio que se coloca para nós é refletirmos, interperlarmos, discutirmos e estarmos atentos/as para a incidência dessas opressões, suas influências e representações no processo educativo, a fim de combatê-las (em especial em nossas próprias práticas). Assim, escutar visualmente (Vignoli, 2023) pode ajudar a produzir fissuras nas políticas de apagamento além de reconhecer que somos produção e produto desta maquinaria colonial-racial-capitalista-ouvintista, o que tem nos movimentado a buscar romper a lógica que legitima alguns saberes e deslegitima outros de maneira desigual, assim como identidades e experiências. Educar é um gesto político (Ribeiro; Skliar, 2020). Nesse sentido, a compreensão de que os regimes de opressão são estruturais em nossa sociedade nos sinaliza a importância de abordagens, propostas e ações pedagógicas que interseccionalizem (Collins; Bilge, 2021) raça e surdez, além de outros traços culturais e identitários, de modo a afirmar os corpos – dos surdos, dos não surdos, de todos e de qualquer um. Instigados por essas questões, narramos nossos processos e caminhadas entrecruzadas na educação com pessoas surdas, destacando encontros-acontecimentos educativos que nos deslocam de nossos territórios epistêmicos, éticos, estéticos e políticos, pluralizando e espichando nossos modos de ver, sentir e narrar o mundo. Para tal, lançamos mão da escrevivência (Evaristo, 1996) como dispositivo capaz de recuperar as memórias, narrar nossas histórias, ressignificar o vivido, inventariar guardados que engravidam nossas narrações e relatos com detalhes, texturas e matizes cuja potência está em plasmar imagens possíveis de ser e estar na educação (com surdos) afirmativamente.
Coordenação geral:
Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ
Comissão organizadora:
Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO
Comitê Científico
André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB
Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:
Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena