A conversa como tecnologia do encontro e a educação das relações raciais

  • Autor
  • Leidiane dos Santos Aguiar Macambira
  • Co-autores
  • Maria José da Silva , Shirley Martins da Silva Camillo
  • Resumo
  • Como temos forjado os modos de fazer, em nossas pesquisas, para encontrarmo-nos com as pessoas que se dispõem a estar conosco? A nossa intenção com esta escrita é pensar a conversa como uma possibilidade de encontro nas pesquisas no campo da educação das relações raciais. Somos mulheres negras educadoras envolvidas com os estudos nos cotidianos e que vem aprendendo a fazer pesquisa partindo de experiências encarnadas e com pessoas que estão em diversas áreas inventando táticas de sobrevivência em uma sociedade estruturada pelo racismo e pelo patriarcado. Nas movimentações que fazemos, lidamos com histórias, com experiências de outras e outros, e essas narrativas têm sido fundamentais para mediar e orientar o modo como produzimos as nossas pesquisas. Entendemos a conversa como um lugar comum onde as histórias nos são contadas e, sobretudo, como uma atitude ético-estético-política de pesquisa que busca romper com os modelos engessados da ciência moderna e eurocêntrica que destituiu a humanidade de povos e culturas não-brancos. Uma aposta sintonizada com o fazer pesquisa com os cotidianos. E trazê-la como uma disposição teórico-metodológica para o encontro com o outro diz de uma escolha cuja intenção está em não aniquilar aquilo que nos é oferecido. Somos seres compostos por palavras faladas, ouvidas, sentidas… E a conversa faz parte de nossas práticas culturais e sociais. Esta arte de fazer nos oferece pistas para refletir e questionar alguns modos consagrados como hegemônicos em metodologias científicas no campo educativo. Neste sentido, temos nos disposto a conversar por meio de aplicativos digitais (videoconferência e Whatsapp) em torno de algumas questões surgidas de fazeres e estudos, dentre elas: como as conversas nos ajudam a pensar as pesquisas nos cotidianos? Será que é importante o preparo para uma conversa? Que elementos, então, estão em jogo para nos prepararmos para uma conversa? Como lidamos com os nossos desejos de pesquisa diante do outro que também traz consigo os seus desejos? É possível produzir um encontro que não aniquile a presença daquelas e daqueles que se dispõem a conversar conosco? Esta trama, portanto, vem sendo tecida a partir de alguns fios: os modos como o documentarista Eduardo Coutinho conduzia suas filmagens, as inquietações provocadas por alguns escritos de Carlos Skliar (2014), de Jorge Larrosa (2003) e de Patrícia Hill Collins (2019), naquilo que oferecem para nos ajudar a forçar o nosso pensamento a pensar a capacidade de escuta de que nos dispomos em nossas práticas, e pensarmos nas negociações dos desejos que estão em jogo quando se entra em uma conversa.  

  • Palavras-chave
  • Metodologia. Conversa. Relações Raciais.
  • Área Temática
  • Eixo 3- Corpos, poéticas e políticas com os cotidianos educativos
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  • Eixo 1- Saberes, práticas e experiências educativas instituintes
  • Eixo 2- Processos formativos, movimentos sociais e coletivos docentes
  • Eixo 3- Corpos, poéticas e políticas com os cotidianos educativos
  • Eixo 4- Epistemologias plurais e decolonialidade na pesquisa
  • Eixo 5- Currículos, diferenças e iterseccionalidades na cena educativa

Coordenação geral:

Allan Rodrigues – UNESA/ UFRJ

Comissão organizadora:

Aline Dornelles – FURG
Francisco Ramallo – UNMdP
Luís Paulo Borges – CAp-UERJ
Tiago Ribeiro – CAp- INES
Rafael Honorato – UEPB
Rafael Marques – UFAC
Rossana Godoy Lenz – ULS
Diego Carlos -UFF
Guilherme Stribel – UNESA
Adrianne Ogêda Guedes – UNIRIO

Comitê Científico

André Régis – UFRJ
Ana Patrícia da Silva – CAp-UERJ
Adrianne Ogêda Guedes UNIRIO
Adriana Maria de Assumpção – UNESA
Adriano Vargas – UFF
Alexandra Garcia – UERJ
Aline Dornelles – FURG
Aline Gomes da Silva – INES
Bárbara Araújo Machado – UERJ
Celso Sánchez – UNIRIO
Cristiano Santanna – SEEDUC
Clarissa Quintanilha – UERJ
Denise Najmanovich – CONICET
Felipe da Silva Ponte de Carvalho – UNESA
Francisco Ramallo – UNMdP; CONICET
Gabriel Roizaman – CIIE Avellaneda
Graça Reis – UFRJ
Guilherme Stribel – UNESA/SME-Teresópolis
Inês Barbosa de Oliveira – UNESA
Viviane Castro Camozzato – UERGS
Mônica Knöpker – IFSC
Júlio Valle – USP
Gustavo Taveira – SME/RJ
Jane Rios – UNEB

Instituições nacionais e internacionais com representantes na organização:

Universidade Estácio de Sá – Proponente
Anped – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação
(Gt de Currículo – Ge de Cotidianos)
Instituto Nacional de Educação de Surdos
Universidade do Estado do Rio de Janeiro
Universidade Estadual da Paraíba
Universidade Federal do Acre
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Universidade Federal do Rio Grande
Universidad Nacional de Mar del Plata
Universidad de La Serena