Introdução: A violência psicológica é todo ato que cause dano emocional, diminuição da autoestima da mulher, controle de suas ações, comportamentos, opiniões por meio de ameaças, manipulações, constrangimento, humilhação, isolamento, ridicularização. Esse tipo de violência possui algumas possíveis causas como a influência cultural, podendo também ser facilitada pelo uso de bebidas alcoólicas, ciúmes, desigualdade de gênero, visão conservadora, um histórico de violência familiar do agressor. E, com isso, provocando consequências graves à sua saúde psicológica e à autodeterminação. A Lei da Violência Psicológica sancionada em julho de 2021 tornou esse ato um crime, o que deveria favorecer o aumento do número de denúncias e consequentemente a identificação dos casos "invisíveis", tornando-se uma importante ferramenta de intervenção e quebra do ciclo da violência. Objetivo: Analisar o perfil epidemiológico das notificações de violência psicológica contra a mulher no estado do Piauí no período de 2012 a 2021. Metodologia: Os dados para a pesquisa foram obtidos do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), disponibilizados pelo Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS). Foram selecionados todos os registros de violência psicológica contra a mulher no Piauí notificados no período de 2012 a 2021. Para este estudo foram utilizadas algumas variáveis como a raça, idade e escolaridade da vítima, os municípios de maiores notificações, evolução do caso, os locais de ocorrência. Resultados: No período, foram identificadas 316 notificações de violência psicológica contra mulheres no estado do Piauí. As notificações mais frequentes foram em mulheres da raça parda 57,9 % com 183 casos, faixa etária de 20 a 39 anos 33,8 % com 107 casos, escolaridade da 5 a 8 série incompleta do Ensino fundamental 15,82% com 50 casos, evolução do caso alta 14,87% com 47 casos e o local de ocorrência mais comum sendo a residência da vítima 72,15% com 228 casos. O município de Campo Maior registrou 62 casos, 19,74% das notificações, enquanto a capital Teresina registrou 61 casos, 19,42% do total. Já com relação às notificações menos comuns, temos a raça indígena 0,31% com 1 caso, faixa etária menor de 1 ano 0,31% com 3 casos notificados no ano de 2017, escolaridade do ensino superior incompleto 1,89% com 6 casos e o local bar ou similar 0,63% com 2 casos. Conclusão: O número de notificações de violência psicológica contra a mulher vem diminuindo nos últimos anos. Desse modo é importante ressaltar, que essa forma de violência é a mais prevalente e a mais subnotificada, pelo fato de ser de difícil identificação. Esta violência se apresenta de forma invisível aos olhos da sociedade, mas às vezes bem nítida dentro do psicológico da vítima, podendo levar a consequências graves e a porta de entrada para futuras agressões mais graves. Portanto, conhecer o perfil epidemiológico das mulheres que sofrem com essa maneira de violência é fundamental. Assim é possível planejar intervenções, criar políticas públicas mais eficazes para proteção das vítimas e dessa forma transformar essa situação com a quebra desse ciclo da violência.
Comissão Organizadora
Ananda Coelho
Aryadne Feitosa Candeira
Beatriz Souza da Conceição
Comissão Científica
Náthaly Oliveira Youssef de Novaes Issa