Introdução: No mundo cerca de 137 mulheres são mortas por seu parceiro íntimo ou por um membro da família todos os dias. Estima-se que 1 em 7 mulheres passou por violência física e/ou sexual de um parceiro íntimo ou marido nos últimos 12 meses. Em 2019, 3.737 mulheres foram assassinadas no Brasil o que equivale a uma taxa de 3,5 vítimas para cada 100 mil habitantes do sexo feminino no Brasil. Apesar de o Brasil ter apresentado uma redução de 18,4% nas mortes de mulheres entre 2009 e 2019, em 14 das 27 unidades federativas a violência letal contra mulheres aumentou. Neste período, os aumentos mais expressivos foram registrados nos estados do Acre (69,5%), do Rio Grande do Norte (54,9%), do Ceará (51,5%) e do Amazonas (51,4%) Objetivo: Identificar o perfil epidemiológico das vítimas de violência doméstica no Brasil entre 2020 e 2022. Metodologia: Trata-se de um estudo com informações retiradas do Sistema de Informação de Agravos e Notificação – SINAN. Tendo sido coletadas informações referentes a faixa etária, escolaridade, raça, local de ocorrência e desfecho do caso. Resultados: Entre 2020 e 2022 foram registrados 819.813 casos de violência doméstica no Brasil. A maior incidência de violência registrada foi de violência física (410.358 casos), seguida de violência psicológica/moral com 190.776 registros, seguida de ameaças (114.885 casos), violência sexual com 96.875 casos, estupro com 68.992 casos e tortura (16.955 casos). Quanto ao perfil da vítima, a maioria eram mulheres (617.058 casos), pardas (350.277 casos), com faixa etária entre 20 e 29 anos (185.376 casos) e tinham ensino médio completo (132.778 casos). Em relação ao agressor, as violências foram cometidas principalmente pelo cônjuge (124.726 casos), ex-cônjuge (48.208 casos) e namorado (24.775 casos). Considerações Finais: A violência doméstica no Brasil afeta mulheres jovens, de baixa escolaridade, dentro do próprio domicílio. Todavia, em relação aos dados de desfecho e seguimento dos casos de violência, essas informações são insuficientes. O que evidencia uma má qualidade do processo de notificação dos casos, bem como dificulta a geração de dados que possam ser utilizados para traçar políticas públicas necessárias para reduzir as taxas de violência doméstica.
Comissão Organizadora
Ananda Coelho
Aryadne Feitosa Candeira
Beatriz Souza da Conceição
Comissão Científica
Náthaly Oliveira Youssef de Novaes Issa