Introdução: Frente à profusão de casos de violência contra a mulher, é de extrema importância que os tipos de violência sejam visibilizados e discutidos. Nesse contexto, as formas mais sutis de violência merecem destaque, bem como o modo como se manifestam no campo social, a fim de que sejam identificadas tanto por vítimas, quanto por profissionais que, em determinado momento, deparam-se com esse cenário. Com isso, a oficina pode ser uma ferramenta crucial para divulgação de informações, em que é possível enfatizar as ações e práticas, sem perder de vista a fundamentação teórica. Objetivo: O presente trabalho tem como intuito relatar a experiência de uma oficina intitulada “Identificando os tipos de violência contra a mulher”, realizada durante o oitavo encontro de um grupo de estudos sobre violência doméstica e familiar, vinculado ao no curso de Psicologia da Universidade Federal do Ceará - campus Sobral-CE. Metodologia: A oficina foi realizada por estudantes de Psicologia, com base no livro “Violência doméstica: Intervenção em grupo com mulheres vítimas. Manual para profissionais” (Matos; Machado, 2011), tendo como público cerca de 15 mulheres, também estudantes do curso. Nesse momento houve uma breve introdução acerca dos tipos de violência contra a mulher (Brasil, 2006) e as participantes foram questionadas sobre possíveis situações em que elas ocorreriam, fazendo-as pensar também em soluções que seriam comportamentos saudáveis diante de tais situações. Com o auxílio de papéis e canetas, foram escritas quatro tipos de violência (psicológica, patrimonial, física e sexual) e comportamentos não violentos, escrevendo nas folhas os tipos de violência que relataram e alguns comportamentos alternativos que poderiam acontecer em substituição àquela situação violenta. Resultados e discussão: Das situações de violência mencionadas pelas participantes, o tipo mais recorrente foi a violência psicológica, seguida pela violência patrimonial, violência física e violência sexual, nessa ordem. No início do grupo de estudos, as participantes narraram, em maioria, situações de violência física, com a justificativa de que, por lesionar a vítima de forma visível, são mais fáceis de identificar. Através dos temas trabalhados nos encontros do grupo, as participantes passaram a notar as diversas formas de violência doméstica e familiar existentes, principalmente a violência psicológica, tão invisibilizada diante do patriarcado e o machismo estrutural dominante na sociedade brasileira (Zanello, 2018). Ademais, um dos relatos mencionou um caso de violência institucional ocorrida no momento de um atendimento, realizado por policiais civis, em uma Delegacia Especializada em violência contra a mulher, evidenciando a imprescindibilidade da capacitação em perspectiva de gênero desses profissionais, com o objetivo de evitar a revitimização da vítima. Considerações Finais: A partir do trabalho realizado pelo grupo de estudos e durante a oficina, é notória a necessidade de se falar em violência doméstica e familiar contra a mulher no ambiente universitário, a fim de que tal prática seja desnaturalizada, de forma a impactar na vida e formação dessas estudantes e futuras profissionais de Psicologia.
Comissão Organizadora
Ananda Coelho
Aryadne Feitosa Candeira
Beatriz Souza da Conceição
Comissão Científica
Náthaly Oliveira Youssef de Novaes Issa