Introdução: Um indicador importante da qualidade da atenção obstétrica e das condições sociais que influenciam o acesso aos serviços de saúde é a mortalidade materna. Define-se óbito materno como aquele ocorrido durante a gestação, parto ou até 42 dias após o término da gravidez. Objetivos:Esse estudo visa analisar a tendência temporal e espacial da mortalidade materna (2000–2024); comparar taxas por região, momento da morte, faixa etária, escolaridade e etnia/cor, a fim de fornecer dados que auxiliem a prevenir esses eventos.Métodos: Realizou-se um estudo ecológico descritivo com dados secundários de mortalidade materna em mulheres na faixa etária de 10 a 59 anos, no Brasil, no período de 2000 a 2024, a partir do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM), via TabNet/DATASUS. Resultados: No período, registraram-se 31.727 óbitos maternos, distribuídos regionalmente em: 11.136 no Sudeste, 9.769 no Nordeste, 4.098 no Norte, 3.894 no Sul e 2.830 no Centro-Oeste, com estabilidade até 2019, aumento em 2020 e pico em 2021, seguido de queda discreta a partir de 2022 sem retorno aos níveis pré-pandemia até o último ano analisado. Houve 11.766 óbitos durante gravidez/parto/aborto e 19.961 no puerpério até 42 dias. Quanto à faixa etária, notificaram-se 254 óbitos (10–14 anos), 3.799 (15–19), 12.640 (20–29), 12.385 (30–39), 2.605 (40–49), 41 (50–59) e 3 ignorados. Sobre escolaridade, foram 983 sem escolaridade, 3.311 com 1–3 anos, 7.491 com 4–7 anos, 10.521 com 8–11 anos, 3.233 com ?12 anos, 3 com 9–11 anos e 6.185 ignorados. Por etnia/cor, registraram-se 10.866 brancas, 15.390 pardas, 3.546 pretas, 95 amarelas, 473 indígenas e 1.357 ignoradas. Discussão: Esses dados apontam maior carga de mortalidade materna em regiões mais populosas, com destaque para Sudeste e Nordeste, sendo a última como menor desenvolvimento socioeconômico. A maioria dos óbitos ocorreu no puerpério, período crítico que demanda vigilância intensiva. Os grupos etários de 20–39 anos, correspondentes à maior fecundidade, concentraram o maior número de casos. Quanto ao perfil social, há predominância de óbitos entre mulheres com 8–11 anos de escolaridade, embora o grande volume de registros ignorados limite análises conclusivas. A análise étnica evidencia maior ocorrência de óbitos entre mulheres pardas e pretas, refletindodesigualdades estruturais históricas ainda relevantes nesse contexto. Conclusão: A flutuação temporal, especialmente o aumento de 2020–2021 e a persistência de valores elevados em 2022–2023, destaca a importância do monitoramento contínuo desses indicadores. Para a medicina preventiva, compreender o perfil das vítimas (por idade, condição social e fase do ciclo gravídico-puerperal) é essencial para orientar ações de cuidado pré-natal, atenção ao parto e vigilância no puerpério, contribuindo para a redução da mortalidade materna e para o planejamento de políticas públicas mais equitativas.
É com grande satisfação que apresentamos os Anais do I Congresso Paraense de Saúde Preventiva, um marco pioneiro no cenário da saúde no Pará e uma iniciativa que reafirma o compromisso da Sociedade Médico Cirúrgica do Pará (SMCP) com a construção de um futuro mais saudável, sustentável e baseado em evidências científicas.
Este volume reúne os resumos aceitos e apresentados no congresso, disponibilizados em formato digital para ampliar o acesso ao conhecimento e valorizar a produção acadêmica e profissional dos participantes. Trata-se de um mosaico de ideias, pesquisas, experiências e reflexões que expressam a pluralidade e a riqueza da saúde preventiva em suas diversas dimensões — clínica, social, ambiental, tecnológica e educacional.
Os trabalhos aqui publicados representam não apenas o esforço individual de seus autores, mas também o ambiente fértil de diálogo que o congresso proporcionou. Cada resumo reflete a busca por soluções inovadoras, práticas sustentáveis e estratégias de promoção da qualidade de vida, alinhadas ao tema central desta edição.
Ao disponibilizarmos estes Anais no ambiente digital, reforçamos nossa missão de democratizar o acesso à informação, estimular a pesquisa local e incentivar a participação de estudantes, profissionais e instituições na construção de uma agenda integrada de prevenção e cuidado.
Agradecemos a todos os pesquisadores, orientadores, avaliadores e membros da comissão científica pela dedicação e pelo compromisso com a excelência. Que este documento sirva como registro histórico e, ao mesmo tempo, como inspiração para novas investigações, projetos e parcerias.
Que os Anais do I Congresso Paraense de Saúde Preventiva contribuam para fortalecer uma cultura de conhecimento, inovação e responsabilidade coletiva — bases essenciais para uma saúde verdadeiramente transformadora.
Belém, dezembro de 2025
Sociedade Médico Cirúrgica do Pará – SMCP
Comissão Organizadora
I Congresso de Saúde Preventiva
Comissão Científica