Dengue nas populações ribeirinhas do Amapá (2014–2024): vulnerabilidade social e fragilidades da vigilância epidemiológica na Amazônia

  • Autor
  • Manoel Siebra Lopes Neto
  • Co-autores
  • Isabela Serruya , Brenda Leticia Amaral de Souza , Fernanda Távora dos Santos , Vitoria Gurtyev Gomes de Queiroz
  • Resumo
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    Introdução: As arboviroses permanecem como grandes desafios de saúde pública na Amazônia, onde fatores ambientais, sociais e logísticos dificultam o controle vetorial e a confirmação laboratorial. A dengue, em especial, mantém caráter endêmico, com surtos cíclicos que refletem desigualdades estruturais e limitações da vigilância em áreas de difícil acesso. O estado do Amapá, com ampla população ribeirinha e forte dependência da atenção primária, representa cenário expressivo dessa vulnerabilidade. Este estudo teve como objetivo descrever o perfil epidemiológico da dengue no Amapá entre 2014 e 2024, analisando tendências, fatores sociais e limitações do sistema de vigilância. Métodos: Estudo ecológico e descritivo, baseado em dados secundários do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN/DATASUS). Foram analisados os casos prováveis de dengue notificados no Amapá no período de 2014 a 2024, segundo município de residência, faixa etária, sexo, raça/cor e sorotipo. Optou-se pela categoria de casos prováveis, por refletir melhor a realidade amazônica, onde o diagnóstico laboratorial enfrenta restrições logísticas. A análise enfatizou os municípios ribeirinhos mais populosos: Macapá, Santana, Mazagão, Laranjal e Vitória do Jari. Resultados: Foram registrados 21.853 casos prováveis de dengue no Amapá entre 2014 e 2024, com picos em 2014 (3.400 casos) e 2024 (10.691), indicando reemergência recente. Macapá (10.426; 47,7%) e Santana (4.324; 19,8%) concentraram mais de dois terços das notificações. Houve predomínio de indivíduos pardos (71,1%), seguidos de brancos (10,5%) e pretos (5,5%), evidenciando vulnerabilidade social associada à composição demográfica e ao saneamento precário. As faixas etárias de 20 a 39 anos (40,6%) e 40 a 59 anos (22,6%) foram as mais afetadas, com discreto predomínio do sexo feminino (52,9%). Observou-se limitação na identificação de sorotipos, com predominância de DENV-2 e DENV-4, apontando circulação múltipla e subdiagnóstico. Discussão: Os resultados indicam perfil endêmico e distribuição heterogênea, com concentração de casos em áreas urbanas ribeirinhas e correlação com desigualdade social. A subnotificação e os registros ignorados de raça/cor revelam fragilidades da vigilância epidemiológica e da rede laboratorial. Tais achados reforçam a necessidade de políticas intersetoriais que integrem vigilância, saneamento e educação sanitária, considerando as particularidades amazônicas. Conclusão: A persistência e reemergência da dengue em populações ribeirinhas do Amapá evidenciam o impacto da vulnerabilidade social e das limitações da vigilância epidemiológica. O fortalecimento da atenção primária, a ampliação da testagem e o investimento em infraestrutura sanitária são estratégias essenciais para reduzir a transmissão e aprimorar a resposta em saúde pública na região.

  • Palavras-chave
  • Dengue, Vigilância Epidemiológica, Amazônia.
  • Modalidade
  • Pôster
  • Área Temática
  • Prevenção e Controle de Doenças Infecciosas e Endêmicas
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