Um desafio crescente nas organizações é a convivência entre intergeracional e o cinismo organizacional, definido como atitude negativa e pessimista dos funcionários diante de líderes e práticas institucionais, conforme Pulido e Almanza (2025, p. 23). Tal cinismo não é inerente ao indivíduo, mas uma resposta às condições adversas no ambiente de trabalho, como hipocrisia institucional e gestão ineficaz. O panorama levanta a questão: como a geração Z, marcada pelo cinismo institucional, reage às contradições entre o discurso e práticas reais de gestão? Objetiva-se com essa análise identificar entraves em seu engajamento e propor estratégias de gestão para alinhamento de expectativas. Segundo Assis e Nascimento (2017, p. 383), acredita-se que organizações e seus gestores atuem sem ética, visando resultados imediatos a partir de seus colaboradores. Isso revela um descompasso entre o discurso institucional, frequentemente sustentado por valores organizacionais, e as práticas efetivas de gestão, permeadas por incoerências e condutas que geram desconfiança. O choque de valores entre as gerações acentua o problema. Para Pauli, Guadagnin e Ruffatto (2020, p. 10), as gerações mais antigas valorizavam a estabilidade, lealdade à empresa e aceitavam que ela ditasse as regras da evolução profissional. Segundo Veloso, Dutra e Nakata (2016, p. 5), o panorama mudou a partir da geração X (1965-1978), que presenciou mudanças como o avanço do downsizing corporativo, gerando insegurança e descrença. Por sua vez, a geração Y (1980 e 1995) passou a entender que a ideia de emprego vitalício não fazia mais sentido, pois o trabalho deve ser parte, e não a própria vida, conforme Bondenmuller e Silva (2019, p. 233). A geração Z (pós-1995) aprofunda essa ruptura. Para Spagnol Simi dos Santos et al. (2019, p. 90), essa geração busca o equilíbrio entre vida pessoal e profissional, valoriza condições de trabalho satisfatórias e propósito acima da mera estabilidade. Enfim, essas informações foram obtidas a partir de uma pesquisa bibliográfica, de abordagem qualitativa e exploratória, utilizando como base os Portais de Periódicos da CAPES e Scielo, com as palavras-chave “geração Z”, “cinismo organizacional”, “conflito de gerações” e correlatas, combinadas com operadores booleanos “and” e “or”. Os resultados indicam que o cinismo organizacional decorre da incoerência entre discurso e práticas de gestão, gerando desconfiança e desengajamento principalmente na geração Z, que valoriza coerência, propósito e equilíbrio entre vida profissional e pessoal, diferente da cultura organizacional das gerações anteriores, que incentivava e recompensava a aceitação de ordens como parte do "pacto" de estabilidade e evolução ditado pela empresa. Assim, conclui-se que a geração Z atua como um sensor crítico do cinismo organizacional, reagindo com desconfiança e desengajamento às incoerências entre discurso e prática. Esta reação representa um alerta estratégico para as organizações, demandando medidas concretas como: alinhamento entre políticas declaradas e ações reais, comunicação transparente, desenvolvimento de lideranças empáticas e implementação de sistemas de avaliação baseados em KPIs objetivos e auditáveis. Essas ações, aplicáveis a empresas de qualquer porte, transformam decisões subjetivas em critérios técnicos, reduzindo favoritismos e construindo ambientes de trabalho intergeracionais mais confiáveis e engajados.
Comissão Científica
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