A agenda ESG (Ambiental, Social e Governança) estabeleceu-se como um dos principais veículos de transformação nas organizações contemporâneas. A busca por responsabilidade socioambiental e transparência na governança ultrapassou a teoria e impacta diretamente a estratégia de negócios e, por consequência, a gestão de pessoas. Esse movimento alcança contornos críticos em regiões como a Amazônia. Este contexto, marcado pela coexistência de biodiversidade e desafios sociais, culturais e ambientais, impõe ainda mais responsabilidade às organizações. Nesse cenário, a área de Recursos Humanos passa a assumir uma função estratégica na implementação e consolidação de práticas sustentáveis. Sendo responsável por traduzir os objetivos ESG em políticas desde o recrutamento até o engajamento e retenção de talentos, garantindo que os pilares ambiental, social e de governança sejam agregados na cultura organizacional. Este estudo investiga como os princípios ESG estão sendo de fato incorporados às políticas e práticas de Recursos Humanos em empresas no contexto amazônico, bem como busca compreender quais são os desafios encarados por essas organizações e quais oportunidades estratégicas podem emergir desse processo. Foi adotada uma metodologia qualitativa de caráter exploratório. A pesquisa teve como base uma revisão bibliográfica, analisando publicações acadêmicas recentes, e uma análise documental focada em relatórios de sustentabilidade e dados institucionais. Foram utilizadas como fontes principais documentos de organizações de referência no tema, como o Instituto Amazônia+21, além de referenciais teóricos que conectam a prática corporativa à teoria ESG, como os trabalhos de Ricardo Ribeiro Alves (2022) e Paula de Sousa Ferreira Costa (2024). Os resultados indicam um cenário de transição. Nas práticas de RH com foco em ESG na Amazônia, apresentam iniciativas emergentes, como programas de capacitação voltados para as comunidades locais, buscando gerar impacto social positivo e mão de obra qualificada. Observa-se também um esforço de valorização do saber tradicional e da diversidade cultural, e ações concretas para a inclusão de povos indígenas e ribeirinhos no mercado de trabalho. Contudo, o principal obstáculo relatado é a falta de indicadores específicos para mensurar o impacto social e ambiental unido ao RH, dificultando a gestão e o reporte. Além da dificuldade de atração e retenção de talentos em áreas remotas, e a necessidade de formação de lideranças com uma visão ESG consolidada. Ademais, as oportunidades estratégicas são claras: empresas que avançam nessa agenda obtêm um fortalecimento significativo da imagem institucional, alinham-se às exigências dos investidores, facilitando o acesso a investimentos sustentáveis, e mais importante, contribuem para o desenvolvimento regional sustentável. As considerações finais apontam que a consolidação da agenda ESG no RH amazônico é um processo em construção, que exige sensibilidade cultural, compromisso ético e inovação em gestão. O RH se coloca como agente protagonista na conexão entre os objetivos corporativos e as demandas socioambientais locais, essencial para o futuro do trabalho na Amazônia.
Comissão Científica
Ad. Isabela Regina Fornari Muller, Dra. - Coordenadora
Ana Castanheira - Membro
Adm. Letícia Martins Membro
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