A repetição é um dos mecanismos mais eficientes para incorporar estados e habilidades corporais. Contudo, a repetição na dança tem um caráter paradoxal: a cada vez que um dançarino ou dançarina repete um gesto, parece haver uma diferença em relação às outras vezes que executou o mesmo gesto. O problema da repetição, portanto, está ligado ao problema da diferença. Segundo o filósofo Gilles Deleuze, o que constitui uma repetição não é o retorno do Mesmo ou do Idêntico, que se apresenta, na dança, enquanto forma: num sentido, a regra geral de execução do gesto; em outro, o modelo ideal a ser seguido. Ao contrário, a repetição é a distribuição disfarçada de uma singularidade, a distribuição de uma diferença no tempo e no espaço. Esse pensamento parece ressoar com a política-poética da dança contemporânea, que faz do corpo, ele mesmo, seu sistema de referência, independente de códigos estéticos formais que delimitam, do exterior, o que significa dançar. O que pretendo, nesse artigo, é fazer ressoar esses dois campos heterogêneos – a da filosofia e da dança – para pensar o seguinte problema: afinal, o que significa repetir, quando dançamos?
Comissão Organizadora
Isabella de Sousa Marques
Isabella Domingos da Rocha
Isabel Coimbra
Ana Flávia Ribeiro Otoni
Helbert Junio Alexandrino Dos Santos
Andreza Rodrigues
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