Este ensaio teórico aborda a pesquisa antropológica junto às comunidades de terreiro na região da fronteira Brasil-Uruguai enquanto prática de pesquisa descolonial. Propõe-se a descolonização teórico-epistemológica, política, estética e ética do campo da Antropologia mediante a produção de pesquisas que contemplem estudos de intelectuais negros/as, não só do campo antropológico, como também de autoras/es ativistas dos movimentos negros, em vista de colocar em discussão a perspectiva eurocêntrica, branca, machista e elitista que sustenta a ciência antropológica e a posiciona como conhecimento hegemônico. Colonialidade do saber e do poder que impõe a posição de subalternidade aos saberes, poderes e fazeres de sujeitos e coletividades negros/as e pessoas pretas. Compreende-se que a descolonização da Antropologia requer o deslocamento dessa relação opressiva do poder-saber científico hegemônico. Um giro epistemológico antirracista e antissexista na prática da pesquisa antropológica que se dá a partir das epistemologias negras e dos saberes, poderes e fazeres das coletividades que criam e recriam sua própria cultura baseada na preservação da ancestralidade, de valores enraizados na ligação com a terra de origem e a vida comunitária, como os povos dos terreiros. Por meio do engajamento epistêmico e político contra hegemônico, as cosmovisões negras tornam-se fonte de inspiração e expressão da produção científica renovada através da pesquisa antropológica, forças de subversão do pacto da branquitude. Nesse deslocamento político, estético, ético e teórico-epistêmico, de produção e disseminação de saberes negros insurgentes, mulheres pretas têm assumido o protagonismo enquanto autoras e ativistas. Afirma-se, assim, a necessidade de uma ação investigativa que propicie a produção de conhecimentos também no campo da Antropologia, capaz de repensá-la e reescrevê-la sob perspectiva contra hegemônica que nasce nas culturas tradicionais africanas e afro-brasileiras e se multiplica sob o viés insurgente de autores/as negros/as.
Comitê Organizador
Copresidente e Editor-chefe: Me. Bruno César Alves Marcelino (Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura)
Copresidente e Editora-chefe adjunta: Dra. Juliana Porto Machado (Instituto Conexão Sociocultural)
Comitê Científico Permanente:
Dra. Cristiane Dambrós (Centro Latino-Americano de Estudos em Cultura) – Presidenta
Dra. Ahtziri Erendira Molina Roldán (Universidad Veracruzana – México)
Dra. Betania Maciel (Universidade Federal de Pernambuco)
Dr. Daniel Levine (University of Michigan – Estados Unidos)
Dra. Denise Rosana da Silva Moraes (Universidade Estadual do Oeste do Paraná)
Dr. Djalma Thürler (Universidade Federal da Bahia)
Dr. Fabricio Pereira da Silva (Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro)
Dr. Francisco Xavier Freire Rodrigues (Universidade Federal de Mato Grosso)
Dra. Isabel Cristina Chaves Lopes (Universidade Federal Fluminense)
Dr. José Serafim Bertoloto (Universidade de Cuiabá)
Dra. Laura Janaína Dias Amato (Universidade Federal da Integração Latino-Americana)
Dra. Ludmila de Lima Brandão (Universidade Federal de Mato Grosso)
Dr. Marco Antonio Chávez Aguayo (Universidad de Guadalajara – México)
Dra. Marie Laure Geoffray (Université Sorbonne Nouvelle – Paris 3 – França)
Dra. Sandra Catalina Valdettaro (Universidad Nacional de Rosário – Argentina)
Dra. Senilde Alcântara Guanaes (Universidade Federal da Integração Latino-Americana)
Dra. Susana Dominzaín (Universidad de la República – Uruguai)
Dra. Suzana Ferreira Paulino (Universidade Federal Rural de Pernambuco)
Dr. Wilson Enrique Araque Jaramillo (Universidad Andina Simón Bolivar – Equador)
Dados catalográficos:
Título: Encontro Humanístico Multidisciplinar e Congresso Latino-Americano de Estudos Humanísticos Multidisciplinares
e-ISSN: 2763-5120
Nome da Editora: Editora CLAEC
Cidade: Foz do Iguaçu
Endereço: Rua Vila Velha, 63, Foz do Iguaçu, Paraná, Brasil. CEP: 85870-050.
Periodicidade: Anual
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